Em abril de 1981,
a Câmara Municipal de Palmeira foi abalada por um episódio que até
hoje suscita discussões. Entre idas e vindas, Lourival Costa tomou
posse como vereador após negativa dada pelo então presidente do
Legislativo, vereador Juarez Bornancin. Ambos eram correligionários
da Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido governista e um dos
dois partidos políticos permitidos a funcionar na época da ditadura
militar. Lole, como era conhecido o suplente de vereador, era
sapateiro por profissão. Por isso, o imbroglio na Câmara
ficou conhecido como ‘Caso sapateiro’, ganhando ampla repercussão
na imprensa local. Para garantir sua posse no lugar do vereador
Helmut Pauls, também arenista, que renunciou ao cargo porque havia
mudado de Palmeira, Lole recorreu à Justiça e somente uma medida
liminar garantiu a ela e vaga no Legislativo. Fato curioso é que a
defesa de Lole foi feita pelo vereador Sílvio José Teixeira,
advogado e filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
Lourival Costa morreu na segunda-feira (7), aos 81 anos.
Na eleição
municipal de 1976, quando Baptista Cherobim, da ARENA, foi eleito
prefeito, o partido elegeu ainda seis dos nove vereadores para a
Câmara Municipal. Lole ficou como primeiro suplente da ARENA. O MDB
elegeu os vereadores. Naquela ocasião, o mandato de prefeito, vice e
vereadores era de seis anos. A posse aconteceu em março de 1977 e o
encerramento dos mandatos em março de 1983. O vereador Helmut Pauls, agricultor e morador de
Witmarsum, permaneceu quatro anos no cargo, quando
em março de 1981 mudou-se do município e foi, por isso, obrigado a
renunciar ao mandato. No dia 8 de abril daquele ano, Lole compareceu
à Câmara, munido do diploma da Justiça Eleitoral que lhe conferia
o direito de substituir Helmut. Porém, a posse foi negada pelo
presidente. Foi apresentado recursos à decisão do presidente, que
acabou também negado, desta feita pela Comissão de Justiça e
Redação. No âmbito do Legislativo, Lole esgotou as possibilidades,
com o que recorreu à Justiça. A orientação jurídica foi dada
pelo vereador Sívio, emedebista e principal opositor ao prefeito e à
ARENA.
Lole obteve
liminar judicial que garantiu a posse. Assim, no dia 13 de abril,
acabou empossado e assumiu a vaga deixada por Helmut. O ‘Caso
sapateiro’ repercutiu bastante naqueles dias de abril de 1981,
quando os ares da democracia começavam a ser respirados pela
política, uma vez que a anistia ampla, geral e irrestrita já havia
sido aprovada pelos militares, ainda no governo na figura do então
presidente João Batista Figueiredo, general do Exército. No ano
seguinte, 1982, quando aconteceu eleição geral para governadores,
deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores, o que se viu
foi um verdadeiro ‘massacre’ do PMDB, sucessor do MDB, sobre o
PDS, que sucedeu a ARENA no período da abertura política. No
Paraná, o PMDB elegeu José Richa para o governo do Estado, fez a
maioria dos deputados federais e estaduais. Em Palmeira, o prefeito
eleito foi Mussoline Mansani, do PMDB, que também elegeu a maioria
dos vereadores, seis contra três do PDS. Entre os seis vereadores
eleitos pelo PMDB estava ninguém mais, ninguém menos que Lourival
Costa, com 350 votos. Ele trocou de partido, foi eleito vereador, foi
empossado em 1983 e cumpriu mandato de seis anos, encerrado em 1989.
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