terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Ideias: Eu quero a paz

Compreendo o abalo coletivo que se manifesta a cada crime violento. Entendo que as pessoas reagem movidas pela emoção que aflora. Reconheço que a violência está em expansão. Porém, não cedo à convicção de que existe, sim, um caminho para construir a convivência pacífica. Afinal, do que teria nos servido séculos de conhecimentos sobre história, filosofia e religião, sobretudo nesta era da informação que se transmite instantaneamente para todo o planeta, se desistirmos de acreditar na capacidade da humanidade para fazer e viver o bem?


Para fazer e viver o bem, portanto, faz-se necessário mostrar o que é e quais são seus benefícios, essencialmente às crianças. De nada adianta discursos empolados sobre os preceitos morais e legais se a realidade vivida for o reverso escancarado do que se fala. Cair na esparrela fácil da adesão à pena de morte e da violência para combater a violência é fácil, agrada a maioria, tem apelo, mas é negar os princípios humanos. Dizer, aos berros, que uma arma na mão de cada um resolveria o problema da violência é popular e idolátrico, mas é falso. Agora, defender e lutar por justiça social para garantir a todos condições dignas de vida é ser alvo de chacotas e execração pública.

Não há fórmula mágica para chegar à paz social. O instrumento é a pessoa, aquele que deve ser protagonista de mudanças e da manutenção de uma cultura da paz, da harmonia e do bem. Discurso utópico, vão dizer. Utopia que foi pregada por tantos líderes e que eu teimo em manter acesa. Não foi por isto que dedicaram suas vidas Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Sidarta Gautama e Jesus Cristo? Seus ensinamentos servem muito bem para enfeitar páginas de redes sociais, mas a aplicação prática é quase zero. Há pessoas que postam uma bela frase num momento e logo em seguida outra postagem traz xingamentos e impropérios contra alguém, um político principalmente, hoje alvo preferencial da hipocrisia e da ignorância.


Enquanto não houver união popular a defender a base de sustentação da sociedade, a educação, juntamente com todo o seu sistema e recursos humanos, não haverá um milímetro de avanço na questão social. É impossível que professores e outros profissionais do meio desvalorizados e humilhados, que os meios físicos obsoletos e sucateados e estudantes sem rumo e sem perspectiva consigam fazer progredir um sistema que já se encontra exaurido. Sem investimentos consistentes e compromissos concretos para os próximos anos, a educação continuará patinando e sendo usado nos discursos inescrupulosos como uma meta a ser atingida, mas nunca resolvida, enquanto a violência vai galopar livre pelas ruas. Eu não quero isto!

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