quinta-feira, 23 de junho de 2016

Assombrosa comédia de Oscar Wilde será encenada em Palmeira 130 anos após ser escrita

Não é bruxaria, é teatro. E o teatro, como as artes em geral, permite pulos no tempo. A mágica do tempo vai acontecer em Palmeira nos próximos dias, executada pelos atores, atrizes, diretor e técnicos do grupo Impacto em Cena. A montagem da peça “O fantasma de Canterville", do dramaturgo, contista e poeta irlandês (britânico, portanto) Oscar Wilde é o novo desafio do grupo palmeirense, que em seus 17 anos de atividades já encenou mais de 20 peças e que desde 2001 vem ganhando seguidos prêmios em festivais de teatro que tem participado, incluindo a menção honrosa pelo conjunto da obra na mostra paralela (não competitiva) de 2015 do Festival Nacional de Teatro Amador (Fenata), promovido há mais de 40 pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Agora, depois de apresentar a comédia “Los Cabrones”, um pastelão ambientado no Velho Oeste, encenar Wilde é um salto sem rede de proteção. Um dos mais consagrados dramaturgos, o autor tem toda uma história de vida regada a contradições e dúvidas. Na peça a ser encenada, o fantasma de um velho senhor do castelo onde uma família vai residir passa de assombração a ser assustado pelos filhos gêmeos de um casal. Então, a filha adolescente resolve ajudá-lo a libertar-se daquele tormento causado pelas crianças.

A peça embute uma crítica social ácida, bem ao estilo de Wilde, contra a sociedade da época, presa ao materialismo que se estabelece nos ingleses a partir da Revolução Industrial e incapaz de dar valor ao que é belo, o sentimento. O Movimento Estético proposto por Wilde marca presença na peça, que também coloca em confronto os hábitos sociais refinados da ancestral realeza inglesa, representada pelo fantasma de sir Simon de Canterville, e o apego ao materialismo e a indiferença às tradições demonstrados pelos norte-americanos da família Otis, que passa a residir no castelo. Por aí percebe-se que vale à pena assistir, rir e refletir.
Antes de iniciar os trabalhos de montagem, o grupo teve uma apresentação do autor da peça feita pela professora Ana Maria Lourenço, introduzindo Wilde para quem não o conhecia e mostrando sus características mais destacadas. O diretor do grupo, Igor Moreira, contou ao blogueiro que já conhecia o texto há bastante tempo e que sempre teve vontade de fazer a montagem. Sabe ele, que é uma tarefa que vai exigir bastante do grupo e dos atores. Por sinal, a montagem vai ter a participação de 12 atores e três técnicos. A definição dos papéis acontece após os estudos do texto, embora Luiz Rosa e Amanda Lourenço já estejam vestindo os personagens do casal Otis. São dois atores do elenco do grupo que já ganharam prêmios em festivais, além de Ernesto Kindl Jr, Aramis Moreira e Willian Blaginski. Assim como o diretor, que atua desde a fundação do grupo e que também já ganhou destaque e vários prêmios nos festivais em que o grupo participou.
A montagem será ambientada no ano em que peça foi escrita, 1887, o que deve exigir um grande cuidado na elaboração dos cenários e figurinos. Para tanto, a cenografia está sendo criada por uma equipe do próprio grupo, coordenada por Igor, e o figurino está sendo criado por Thayrine Moreira, formada em moda na cidade de Cianorte, e que desde criança participa do grupo e agora exerce a função de criar as vestimentas dos atores. Os figurinos serão típicos de duas épocas distintas, da Inglaterra vitoriana do final do século 19 e de meados dos anos 1500, época em que viveu o personagem do fantasma. Tudo para que “O fantasma de Canterville” apareça em Palmeira como uma mágica espantosa que somente o teatro é capaz de apresentar.

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