Nascido na Itália, em Torricela,
no dia 12 de maio de 1882, Andrea Giuseppe Agottani, o Pimpão, é um dos
personagens emblemáticos da Colônia Cecília, a experiência de comunidade
anarquista que aconteceu em Palmeira, entre 1890 e 1894. Ainda criança, ele foi
testemunha dos acontecimentos marcantes da experiência vivida por imigrantes
italianos, absorvendo o gosto pelos debates e a crença no anarquismo como
regime social ideal. Pimpão deixou muitas marcas de sua atuação política, como
participantes de movimentos que culminaram na grande greve geral de
trabalhadores de 1917, que começou em São Paulo e rapidamente espalhou-se por
outros estados brasileiros. Também deixou marcas físicas de seu ofício, a
carpintaria, como até hoje exibe a casa de madeira localizada às margens da
estrada entre as localidades de Santa Bárbara e Santa Bárbara de Baixo, no
interior do município de Palmeira. A belíssima edificação erguida por ele é um
símbolo da construção em madeira no Paraná, com esmerados acabamentos,
incluindo uma escada interna totalmente atípica na região, confeccionada em
imbuia com técnicas de carpintaria que aprendera na Europa. A construção
aparece no livro “Paraná de madeira”, de Nego Miranda e Maria Cristina Wolff de Carvalho, com fotos de casas construídas em madeira
em diversos pontos do estado.
A história da casa construída por
Pimpão é peculiar e demonstra o forte vínculo que unia o ativista social à sua
família, da qual foi o único a deixar Palmeira. Quando retornou ao Brasil, em
1934, após quase 14 anos de exílio na Europa, por conta de sua atividade
política, associou-se ao irmão Aldino e instalaram uma serraria na localidade
de Rio das Pedras, próximo a Santa Bárbara, em área de Cristiano Schulli. Com a
madeira beneficiada na serraria, especialmente a imbuia, construiu uma ampla casa que havia prometido ao
irmão mais novo, Arnaldo, casado com Crimene Artusi. Hoje. Quase 80 anos depois
de edificada, a casa continua a ostentar sua arquitetura diferenciada, chamando
a atenção o seu formato em L, os solares altos nas janelas, a sacada frontal no
andar superior e a varanda também em L, com ornamentos que remetem aos
lambrequins típicos das construções eslavas, embora seja de nítida inspiração francesa.
Vivendo em Paris, a partir de
1917, quando foi exilado, Pimpão trabalhou como construtor. Autodidata, adquiriu
livros e manuais para se aperfeiçoar na arte da construção em pedra e madeira.
Tornou-se requisitado para diversas obras na capital francesa. O trabalho
garantia a ele condições de frequentar eventos anarquistas na França, na
Espanha, na Itália e na Bélgica. A polícia política italiana o mantinha sob
constante vigilância, tanto que, segundo relata o médico Cândido de Mello Neto
em seu livro “O anarquismo experimental de Giovanni Rossi”, no Archivio Centrale dello Stato, em
Roma, um grosso volume guarda as anotações feitas pelos agentes que
acompanharam os movimentos do anarquista pela Europa.
Quando regressou ao Brasil, além
da serraria e da construção da casa para o irmão Arnaldo, Pimpão atuou como
comerciante. Era proprietário de uma bodega, estabelecimento que vendia
variados produtos, em Santa Bárbara, que comprou de José Benedito Schulli,
localizada em frente à Igreja do lugar. Construiu ele próprio uma nova sede
para o estabelecimento, em madeira, com dois pavimentos. A residência era na
parte superior. Em outra construção de madeira, ao lado da bodega, também com
dois pavimentos, na parte de baixo eram armazenados cereais e madeira serrada e
no piso superior funcionava um salão de bailes, constantemente animado nas
noites de sábado e tardes de domingo, com música ao vivo. Era uma construção
com dimensões de 14 metros de comprimento por 12 metros de largura, com 168
metros quadrados de área em cada pavimento.
Pimpão morreu em 8 de novembro de
1944, aos 62 anos. Contemporâneos do anarquista relataram que suas atividades
comerciais em Santa Bárbara colaboraram decisivamente para o desenvolvimento do
lugar. Na época, inclusive, havia proposta de desmembramento da região do
município de Palmeira para a criação de um novo município. O anarquista
proporcionou conhecimento e cultura a muita gente com seus depoimentos e
explanações, não só sobre o anarquismo, mas também sobre os fatos históricos
que conheceu e vivenciou e os lugares do mundo por onde passou e viveu.
Justo o que eu procurava sobre corrimão bh
ResponderExcluirMinha avó nasceu em 1917 ali em Santa Barbara... viveu e casou em palmeira, trabalhou no correio com meu avô o qual era do mesmo responsável! Ela falava um pouco de polonês, sabia o código morse e tinha uma memória inacreditável... ela se foi no natal deste ano 2019 com 102 anos. Vanda graczyk vida... minha eterna polonesa!
ResponderExcluirEssa casa e linda ,era dos meus bono.
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