segunda-feira, 16 de maio de 2016

Apesar do otimismo do chef Altamir, dobrada fria provoca indigestão até em correligionários

Quando a dobrada é servida fria, como aquela que serviram ao poeta português Fernando Pessoa, ele queixou-se e disse que a preferia quente. Como ensinou que a dobrada à moda do Porto nunca se come fria, por que servir uma dobrada fria se o freguês prefere a dobrada quente? Talvez a resposta nem possa ser dada pelo bi-candidato a prefeito de Palmeira, Giovatan de Souza Bueno, do PSD, ou por seu possível companheiro de dobrada – eleitoral, saliente-se, na chapa futura que se há de formar que se tudo permanecer nos próximos 90 dias dentro dos conformes traçados por eles próprios – o ex-secretário que quase foi e não quis mais ser, Inácio Budziak, do SD. O restaurante da oposição está servindo uma dobrada fria e até correligionários reclamam que sofrem indigestão antes mesmo de provar. Sendo assim, quem vai voluntariar-se a experimentar a dobrada fria? Há quem diga que o chef do grupo, o ex-prefeito Altamir Sanson, do PSD, errou na mão ao preparar a dobrada e que não deveria tê-la servido ao distinto público de forma tão abrupta. Acontece, reclamam os críticos gastronômicos da eleição municipal de 2016, que a receita preparada às pressas sequer foi provada. O restaurante que a serve e que tem pretensão em ser o melhor de Palmeira, corre o sério risco de perder clientela de forma rápida e irreversível.

Bastante pertinentes foram várias análises que ouvi de antigos aliados de Giovatan e de Altamir. De náuseas à repulsa, tanto de um para outro como de outro para um. Quem já marchou ao lado de um jamais admitiu marchar ao lado do outro. "Nem em sonhos!", exclamou em tom alterado um deles. E como já estão cansados de saber todos os mandorovás que fazem estragos nas verdes folhas das palmeiras do calçadão da rua Conceição, os dois eram adversários ferrenhos até dias atrás. Porém, por obra e graça das trocas de filiação partidária, acabaram entrando pela mesma porta e quando se deram conta já era tarde demais para sair. Ficaram no mesmo partido e agora têm a árdua missão de conduzirem-se mutuamente rumo a 2 de outubro. Giovatan candidato a prefeito pela terceira vez consecutiva – em 2008 perdeu a eleição para Altamir e em 2012 foi derrotado por Edir Havrechaki, do PSC, então apoiado por Altamir. Este, em recente processo de ruptura política com Edir quer agora derrotar o ex-pupilo e alçar à condição de alcaide de Palmeira o outrora contendor, só para mostrar a Edir que não é nenhum He-man, mas tem a força.

O chef Altamir entrou na cozinha da eleição municipal disposto a promover uma revolução gastronômica e servir ao distinto público palmeirense, preferencialmente eleitores, um prato dos mais atraentes. Acreditava que poderia repetir a receita de 2012, quando apresentou seu pupilo Edir como prato quente principal daquela eleição e ganhou a preferência da clientela, na forma de 8.972 votos. Agora, em uma eleição nova – e cada eleição é diferente da outra, como bem ensinam os velhos caciques e os já petrificados sábios eleitoral – o mais experiente político palmeirense em atividade decidiu preparar uma receita nova. Juntou no mesmo recipiente dois ingredientes que o distinto público já conhece de outras eleições: Giovatan e Inácio. Mexeu, mexeu, mexeu... juntou temperos e pôs no forno. Quando assou seu prato e imediatamente o colocou à prova, não percebeu que estava frio. Não tinha lido Pessoa, ou melhor, Álvaro de Campos, seu heterônimo, e, por isso, não sabia que o freguês prefere dobrada quente. Talvez tenha sido a pressa em vingar-se do ex-pupilo, hoje prefeito. Talvez tenha abusado no preparo da dobrada de ingredientes da vingança, porque esta sim é um prato que se come frio.

P.S. O poeta não reclamou de ter servida a dobrada fria, não pediu outra coisa, pagou a conta e foi embora.

Para entender a vingança, clique e leia:  http://oblogdorogeriolima.blogspot.com.br/search?updated-max=2016-05-04T15:44:00-07:00&max-results=7&start=7&by-date=false

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