Os primeiros e provavelmente não
os piores momentos do ministro da Saúde do ‘novo’ governo federal, o paranaense
Ricardo Barros, do PP, foram de fazer tremer as camas de hospitais e as macas
dos pronto-socorros de todo o Brasil, a ponto de quase derrubar os pobres
pacientes ao chão, sem atendimento médico. Para quem reclama e diz que a
situação da saúde pública no Brasil anda ruim, imaginem o que vem pela frente.
O ministro já entrou de sola, dizendo que o Sistema Único de Saúde (SUS)
precisa ser revisto. Alegou que não existe condição de prestar atendimento a
todos, de forma universal, como prevê a lei. Sintetizando, quis dizer que o SUS
não sobreviveria à sua investida e cada um deveria buscar nos planos privados
de saúde o atendimento médico e hospitalar que necessitar. Quando escancaram
que a campanha de Barros foi patrocinada por empresários do setor de planos de
saúde, ele, ligeiro, voltou atrás na opinião sobre o SUS. Mas não se enganem.
Há no ar do ‘novo’ governo várias intenções e ações que apontam para o desmonte
de programas sociais, entre eles alguns icônicos na área da saúde, como o Mais
Médicos. Se isto acontecer, especificamente para Palmeira as perdas serão
profundas, lastimáveis. Hoje, Palmeira tem seis médicos que atuam pelo programa
e atendem com frequência em comunidades do interior, aonde, antes, médico era
um profissional que só aparecia de vez em quando. E dos seis profissionais,
quatro são cubanos (foto), alvos de
tanto preconceito infundado por parte de pessoas desinformadas. O trabalho destes
profissionais, por sinal, recebe muitos elogios de seus pacientes. Se tem quem
possa criticar, são exatamente os pacientes, mas eles não têm reclamações a
registrar. Então...
Para quem não acredita que o Mais
Médicos tem apoio da população, o percentual de aprovação de 73,9%, registrado
em pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) diz
alguma coisa? Se não, sugiro que vá até as localidades de Pinheiral de Baixo e
Santa Bárbara e pergunte aos pacientes da médica cubana Yanicel Machado o que
pensam sobre seu atendimento. Ou em Faxinal dos Quartins perguntem aos
pacientes de outra cubana, a médica Odalis Rodriguez Sori, o que pensam sobre a
atuação dela. Também pode ir à Vilinha ou Colônia Maciel e indagar aos
pacientes da médica cubana Ana Maria Fernandez Dias sobre as atividades dela.
Ou, ainda, em Vieiras, perguntar ao pacientes do médico cubano Leandro Padilla
Milanes sobre sua atuação. Se preferir, para ficar longe de cubanos –
principalmente quem pensa que ele estão contaminados com o vírus do comunismo –
pode ir até Witmarsum ou Quero-Quero para conferir com os paciente da médica
brasileira Jaqueline ou a Queimadas com os pacientes de outra brasileira, a
médica Lucineia. As duas são intercambistas do Mais Médicos, formadas em
Medicina no exterior. Pergunte aos pacientes se eles querem a retirada de ‘seus’
médicos e o fim do programa. Acredito que a resposta vai ser unânime. Mas se
alguém quiser tentar...
O ministro da Saúde já fez das suas
nas primeiras manifestações, dizendo que o Mais Médicos dará ênfase na
contratação de médicos brasileiros. Acontece que na segunda fase do programa,
no final do ano passado, foram inscritos somente médicos brasileiros. Na
primeira fase, poucos profissionais daqui acreditaram no sucesso do Mais
Médicos. Na ocasião, perto de 14 mil médicos cubanos foram inscritos e
distribuídos para 2.700 municípios brasileiros, muitos dos quais estavam
recebendo um médico fixo pela primeira vez. Como informação, médicos cubanos
estão presentes em 67 países, prestando serviços de solidariedade e cooperação
internacional. Em 2015, o governo dos Estados Unidos fez um elogio público à
dedicação dos médicos cubanos no combate à epidemia de ebola em países da
África. O convênio firmado pelo governo brasileiro que garante a presença de
médicos cubanos no Mais Médicos é monitorado pela Organização Pan-Americana de
Saúde (Opas), que é um extensão da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Portanto, são organizações sérias e com tradição de qualidade que endossam a
atuação dos médicos estrangeiros no Brasil e atestam a qualidade dos serviços
prestados. E além dos médicos, o Brasil também importa de Cuba medicamento para
hepatite B e vacina de combate à meningite, única no mundo. Cuba tem muita
qualidade em medicina, fato que é reconhecido mundialmente, mas que alguns
brasileiros preferem desprezar para poder exercitar o preconceito e o ódio
contra os médicos cubanos e um dos mais bem sucedidos programas de saúde pública
em desenvolvimento no pais, o Mais Médicos.
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