segunda-feira, 30 de maio de 2016

Com dois ‘donos da bola’, oposição pode sofrer quarta derrota consecutiva nas urnas

Quando o dono da bola ficava fora do jogo, não tinha jogo. Isto era cláusula pétrea do futebol jogado nas ruas e nos campinhos espalhados pela cidade em passado relativamente recente. Se não fosse escalado, o dono da bola pegava a bola e ia para casa. Então seguindo o bom senso, melhor era escalar o dono da bola, mesmo que isto representasse um time mais fraco que o outro. Geralmente, o dono da bola era o menino cuja família tinha maior poder aquisitivo. De hábitos mais refinados, não tinha a ginga e malícia dos demais. Em síntese, era o ‘pereba’ que ninguém queria em seu time, mas que, por força de obrigação e para que houvesse jogo, precisava ser escalado.  O problema se dava quando eram dois donos da bola e os dois julgavam-se no direito de ter vaga no time do ‘melhor jogador’. Apesar do craque, desequilíbrio na certa, aumentando incrivelmente a possibilidade de derrota do time no qual eles estivessem, mesmo que um fosse para o gol e o outro para a linha. O cenário atual do período pré-eleitoral em Palmeira mostra dois ‘donos da bola’ querendo jogar pelo time da oposição. Mas eles não querem jogar no mesmo time, pois além de donos da bola, nenhum quer jogar no gol e ainda querem ser os capitães do time. Assim, a oposição vai ter dois times, com os grupos divididos, o que aumenta bastante a possibilidade de uma quarta derrota consecutiva para o time da situação. Mesmo que o principal jogador tenha trocado de lado, não há vantagem alguma, pois ele está sem condições de jogo e vai ficar no banco, como técnico, sem poder entrar em campo para decidir o jogo.

É nessa toada de futebol de meninos de outrora, como se fosse disputada no campinho, que vai a eleição municipal em Palmeira, com os grupos de situação e oposição claramente divididos. Só que a oposição tem uma divisão interna. São dois grupos que tentarão vencer o time da situação, que quer a vitória para garantir a reeleição do prefeito Edir Havrechaki, do PSC. Cada grupo da oposição tem um ‘dono da bola’ e cada um deles quer ser capitão do time. São dois grupos que não têm conseguido diálogo que leve ao consenso de formar um grupo só e enfrentar em melhores condições o grupo adversário. Os ‘donos da bola’ da oposição são o vereador João Alberto Gaiola, do PDT, e o dentista Giovatan de Souza Bueno, do PSD, como ‘certos e líquidos’ candidatos a prefeito. Nenhum dos dois abre mão para o outro, isto é, não aceitam formar um time só porque nenhum deles quer deixar de ser o capitão do time. Sendo assim, com dois times, cada um com jogadores de qualificação mediana, querem disputar de igual para igual o jogo da eleição com o time de ‘craques’ do prefeito. Assim como o futebol, a eleição pode também pode ser uma ‘caixinha de surpresas’, mas, em condições normais, o time mais forte ganha.
O time da oposição, ou melhor, os times da oposição têm no ex-prefeito Altamir Sanson, do PSD, um experiente jogador eleitoral. Com três mandatos de prefeito e um de vereador, ele seria praticamente invencível não fosse os três ‘cartões amarelos’ que recebeu e pelo que está suspenso, sem condições de jogo para a eleição de 2016. Mesmo assim, do banco, pode ser um bom técnico. O ex-prefeito conhece os atalhos do campo e pode ensinar o caminho do gol com a experiência que acumulou ao longo de tantas partidas que disputou. Já os ‘donos da bola’ devem mesmo ficar um em cada time, mas o técnico só vai servir para um deles.
Os ‘donos da bola’ não são exatamente os ‘perebas’ dos campinhos de antigamente, mas ambos têm um comportamento que inibe a formação de um time único de oposição. Crente que são bons de voto, não querem, de forma alguma, dar o braço a torcer e admitir que o outro é a melhor opção para a eleição deste ano. Gaiola já foi candidato a prefeito em três eleições e só conseguiu se eleger quando foi candidato a vereador, em 2012. Giovatan foi candidato a prefeito em duas ocasiões e acredita que vai emplacar sua eleição na terceira tentativa. Assim, de dois que poderiam formar uma chapa, serão dois times mal escalados, com os ‘donos da bola’ e mais quem quiser participar e acreditar neles. E dá-lhe chutão pro lado que o nariz estiver apontado. Vai que num desses a bola ganha a direção do gol adversário, o goleiro esteja desatento e ela estufe as redes. Só se for assim!

Nenhum comentário:

Postar um comentário