Quando o dono da bola ficava fora
do jogo, não tinha jogo. Isto era cláusula pétrea do futebol jogado nas ruas e
nos campinhos espalhados pela cidade em passado relativamente recente. Se não
fosse escalado, o dono da bola pegava a bola e ia para casa. Então seguindo o
bom senso, melhor era escalar o dono da bola, mesmo que isto representasse um
time mais fraco que o outro. Geralmente, o dono da bola era o menino cuja família
tinha maior poder aquisitivo. De hábitos mais refinados, não tinha a ginga e
malícia dos demais. Em síntese, era o ‘pereba’ que ninguém queria em seu time,
mas que, por força de obrigação e para que houvesse jogo, precisava ser
escalado. O problema se dava quando eram
dois donos da bola e os dois julgavam-se no direito de ter vaga no time do ‘melhor
jogador’. Apesar do craque, desequilíbrio na certa, aumentando incrivelmente a
possibilidade de derrota do time no qual eles estivessem, mesmo que um fosse
para o gol e o outro para a linha. O cenário atual do período pré-eleitoral em
Palmeira mostra dois ‘donos da bola’ querendo jogar pelo time da oposição. Mas
eles não querem jogar no mesmo time, pois além de donos da bola, nenhum quer
jogar no gol e ainda querem ser os capitães do time. Assim, a oposição vai ter
dois times, com os grupos divididos, o que aumenta bastante a possibilidade de
uma quarta derrota consecutiva para o time da situação. Mesmo que o principal
jogador tenha trocado de lado, não há vantagem alguma, pois ele está sem
condições de jogo e vai ficar no banco, como técnico, sem poder entrar em campo
para decidir o jogo.
É nessa toada de futebol de
meninos de outrora, como se fosse disputada no campinho, que vai a eleição
municipal em Palmeira, com os grupos de situação e oposição claramente
divididos. Só que a oposição tem uma divisão interna. São dois grupos que
tentarão vencer o time da situação, que quer a vitória para garantir a
reeleição do prefeito Edir Havrechaki, do PSC. Cada grupo da oposição tem um ‘dono
da bola’ e cada um deles quer ser capitão do time. São dois grupos que não têm conseguido
diálogo que leve ao consenso de formar um grupo só e enfrentar em melhores condições
o grupo adversário. Os ‘donos da bola’ da oposição são o vereador João Alberto
Gaiola, do PDT, e o dentista Giovatan de Souza Bueno, do PSD, como ‘certos e
líquidos’ candidatos a prefeito. Nenhum dos dois abre mão para o outro, isto é,
não aceitam formar um time só porque nenhum deles quer deixar de ser o capitão
do time. Sendo assim, com dois times, cada um com jogadores de qualificação
mediana, querem disputar de igual para igual o jogo da eleição com o time de ‘craques’
do prefeito. Assim como o futebol, a eleição pode também pode ser uma ‘caixinha
de surpresas’, mas, em condições normais, o time mais forte ganha.
O time da oposição, ou melhor, os
times da oposição têm no ex-prefeito Altamir Sanson, do PSD, um experiente
jogador eleitoral. Com três mandatos de prefeito e um de vereador, ele seria
praticamente invencível não fosse os três ‘cartões amarelos’ que recebeu e pelo
que está suspenso, sem condições de jogo para a eleição de 2016. Mesmo assim,
do banco, pode ser um bom técnico. O ex-prefeito conhece os atalhos do campo e pode
ensinar o caminho do gol com a experiência que acumulou ao longo de tantas
partidas que disputou. Já os ‘donos da bola’ devem mesmo ficar um em cada time,
mas o técnico só vai servir para um deles.
Os ‘donos da bola’ não são exatamente
os ‘perebas’ dos campinhos de antigamente, mas ambos têm um comportamento que inibe
a formação de um time único de oposição. Crente que são bons de voto, não
querem, de forma alguma, dar o braço a torcer e admitir que o outro é a melhor
opção para a eleição deste ano. Gaiola já foi candidato a prefeito em três
eleições e só conseguiu se eleger quando foi candidato a vereador, em 2012.
Giovatan foi candidato a prefeito em duas ocasiões e acredita que vai emplacar sua
eleição na terceira tentativa. Assim, de dois que poderiam formar uma chapa, serão
dois times mal escalados, com os ‘donos da bola’ e mais quem quiser participar
e acreditar neles. E dá-lhe chutão pro lado que o nariz estiver apontado. Vai
que num desses a bola ganha a direção do gol adversário, o goleiro esteja
desatento e ela estufe as redes. Só se for assim!
Nenhum comentário:
Postar um comentário