Antes
mesmo da data oficial de sua fundação, 7 de abril de 1819, Palmeira já era um
pequeno povoado às margens do histórico Caminho das Tropas, a via terrestre que
fazia a ligação de Viamão, no Rio Grande do Sul, com Sorocaba, em São Paulo, e
por onde eram conduzidas as tropas de muares para as feiras de animais que
vendiam para outros pontos do Brasil da época, especialmente Minas Gerais,
então vivendo o auge da exploração mineral. O povoado cresceu, virou freguesia,
e a instalação da Igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição foi o impulso
para que ganhasse ares urbanos e chegasse ao ponto de ser uma das principais
cidades do interior do Paraná. Passados 197 anos da fundação, a cidade ainda
exibe alguns exemplares da arquitetura do século 19, fortemente influenciada
pelo estilo português, sobretudo nos casarões e nos templos religiosos, como
são os casos do Solar do Conselheiro Jesuíno Marcondes, construído em 1880, e
da Igreja Matriz, cuja primeira parte foi concluída em 1837. Alguns estão
inscritos no Livro Tombo do Estado do Paraná como patrimônio cultural, portanto
protegidos por lei. Mas, na prática, não é bem assim.
O
Solar de Jesuíno Marcondes foi o primeiro bem imóvel edificado a ser inscrito
no Livro Tombo Estado do Paraná, no ano de 1970, sob a justificativa,
principalmente, da importância de seu proprietário, Jesuíno Marcondes de
Oliveira e Sá, na vida pública. Ele foi presidente da Província do Paraná e
Ministro da Agricultura durante o governo imperial. O solar hospedou, em 1880,
o imperador D. Pedro II, quando de sua histórica passagem por Palmeira.
A
partir da instalação dos portugueses, ainda no tempo do Império, a colaboração
dos imigrantes europeus para a colonização do território da região Centro Sul
do Paraná foi bastante marcante. Poloneses, alemães do Volga (Rússia),
italianos, franceses, russos e alemães desbravaram as matas de araucária da
região, exploraram os campos nativos que transformaram em pasto para os animais
e em lavouras de trigo, cevada e centeio e influenciaram os usos e costumes com
marcas que até hoje são facilmente encontradas nas cidades e no campo. Na área
urbana, a presença de imigrantes sírio-libaneses e descendentes teve forte
influência no comércio.
Por
obra e arte da cantaria, dominada pelos imigrantes alemães que vieram da região
do rio Volga, na Rússia, nos anos 1870, foi construída uma ponte de pedra sobre
o rio dos Papagaios, na estrada velha que ligava Palmeira a Curitiba. A
construção se deu em virtude da visita do imperador D. Pedro II ao Paraná, que
pernoitou em Palmeira de passagem para Ponta Grossa e Castro. O projeto foi
feito pelo engenheiro Francisco Monteiro Tourinho e a execução da obra coube
quase que exclusivamente aos imigrantes. A ponte foi inscrita no Livro Tombo do
Estado do Paraná em 1973.
Uma
das mais recentes colonizações do município, Witmarsum é uma colônia de alemães
de religião menonita, instalada em 1951. A tradição e os costumes deste povo
levaram ao primeiro registro de tombamento de um bem edificado do município de
Palmeira no Livro Tombo do Estado em Paraná, no ano de 1989. A casa sede da
Fazenda Cancela, que hoje abriga o Museu Histórico de Witmarsum, guarda objetos,
utensílios, vestes e documentos dos pioneiros.
Porém,
existem construções que vão além do casario e das igrejas e um destes exemplos
é a arquibancada de madeira do Estádio João Chede, propriedade do Ypiranga
Futebol Clube, edificada em 1922, o bem foi inscrito no livro tombo do Estado
do Paraná, em 1990. No estilo das arquibancadas dos estádios ingleses do início
do século 20, o pavilhão tem cobertura de quatro águas, erguida sobre montantes
trabalhados e é adornada por lambrequins de madeira.
Bem
tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado do Paraná em 1991, a Capela de
Nossa Senhora das Pedras, edificado em 1860 à beira da escarpa devoniana que
separa o 1º do 2º Planalto Paranaense, é um exemplo do apego religioso dos
portugueses. Foi mandada construir em agradecimento por Domingos Ferreira
Pinto, o Barão de Guaraúna, após um acidente sofrido por seu filho, que
conduzia uma tropa de mulas pela região e sofreu um acidente no local e, por
pouco, não despencou do paredão de pedras de muitos metros de altura.
No
ano de 2004, diante de solicitações de instituições culturais de Palmeira, mais
três imóveis foram inscritos no Livro Tombo do Estado do Paraná. O prédio
originariamente construído para servir como escola, em 1906, nos fundo da
Igreja Matriz, que hoje abriga o polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB);
uma casa de construção mista na Rua Tenente Max Wolf Filho, edificada em 1923;
e a casa na localidade de Mandaçaia que pertenceu ao herói da Guerra do
Paraguai, Manoel Demétrio de Oliveira, responsável por ter salvado a vida de
Duque de Caxias durante uma das batalhas do conflito. Os dois últimos,
infelizmente, em situação degradante. O primeiro em curso de desabamento e o
segundo completamente destruído.
Outros
exemplares do patrimônio edificado de Palmeira poderiam estar inscritos no
Livro Tombo do Estado do Paraná. Um deles é a Igreja Matriz. Entretanto, a
falta de critérios técnicos quando de suas reformas acabou por descaracterizar
o templo, mas ela não deixa de exibir a sua imponência e beleza de quase 180
anos encravada num promontório da Praça Marechal Floriano Peixoto. No entorno
da praça, outras construções seculares, como a atual sede do Clube Palmeirense,
construída em 1866, conferem ao centro histórico da cidade um ar de preservação
cultural do patrimônio edificado que poucas cidades mantêm. Porém, muitos
imóveis já foram demolidos, empobrecendo a memória do patrimônio edificado de
Palmeira.
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