Hoje lembrei do ritmo e
cantarolei os primeiros versos da bela ‘O sol nascerá’, do genial Cartola. “A
sorrir / eu pretendo levar a vida...”. Aí fiquei imaginando em que circunstâncias
o poeta maior da Mangueira compôs esta música. No momento, período que antecede
a campanha eleitoral, quando se definem os nomes de candidatos, apesar de se
trabalhar no campo das possibilidades, só quem vai a sorrir é o prefeito Edir
Havrechaki, do PSC, inegavelmente inquestionável candidato à reeleição. Ele
quer um segundo mandato para provar que pode fazer mais e melhor do que já fez
nos últimos três anos e quatro meses e continuar indo a sorrir. Tem o que
mostrar. No caminho recém iniciado pelos concorrentes para a eleição de 2 de
outubro, Edir já acumula milhagem quase que suficientes para trocar por um segundo
diploma de prefeito emitido pela Justiça Eleitoral. Falta quase nada, é
verdade, mas falta um pouco. Cartola era um bom boêmio e, assim, dependendo do
otimismo com que via a vida, o seu copo estava sempre meio cheio. Já, quando depende
da visão de um pessimista, o copo sempre vai estar meio vazio. Não se conteste
que o copo do prefeito tem bem mais conteúdo que os dos demais. Outro motivo
que faz com que ele siga a sorrir.
Edir tem ganhado de presente
situações que o deixam extremamente confortável na condição de candidato
favorito à Prefeitura de Palmeira. Uma delas, recente, foi a ainda confusa e
não muito palatável união de Giovatan de Souza Bueno, do PSD, seu adversário na
eleição de 2012, e do ex-prefeito Altamir Sanson, também do PSD, seu padrinho
político e agora desafeto. De parte a parte, reações contrárias e indignadas
colocam em xeque-mate esta aliança, estratégica para o momento dos dois
principais e novos aliados, mas constrangedora e devastadora para apoiadores de
mais longas datas. Baixas perceptíveis foram contabilizadas tanto nas
trincheiras de Giovatan tanto quanto nas de Altamir. Com menos soldados
dispostos a seguir suas ordens, precisam agora correr contra o relógio que não
para e tentar conquistar adeptos para as batalhas eleitorais. É uma tarefa
difícil, complicada e ingrata, pois em período pré-eleitoral existe um grande
contingente de potenciais apoiadores, muitos deles bastante próximos, mas a
opção preferencial que fazem nem sempre é pelo lado de quem os convida a cerrar
fileiras, mas por quem aparenta ter melhores condições de vencer a guerra.
Outro provável adversário do
prefeito nas urnas, o vereador João Alberto Gaiola, do PDT, avança em suas
pretensões. Aparece bem na Câmara Municipal como oposição ao prefeito, porém
ainda lhe faz falta uma densidade considerável de apoiadores. Enquanto Edir já
tem um nome confirmado de candidato a vice-prefeito – Marcos Levandoski, do PT,
exibe em sua lista de coligados bem mais que uma dezena de partidos e tem
assegurados nomes para compor até quatro chapas de candidatos a vereador,
Gaiola ainda pena para confirmar quatro partidos em sua coligação majoritária,
especula com nomes de possíveis candidatos a vice-prefeito e precisa convencer
filiados a aceitarem candidaturas a vereador para conseguir compor pelo menos
duas chapas de postulantes à Câmara Municipal.
A história de Cartola é enredo de
filme. No caso dele, de desfile de escola de samba. De flanelinha guardador de
carros nas rua do Rio de Janeiro a um dos mais consagrados sambistas
brasileiros de todos os tempos. Quem não conhece ‘As rosas não falam’, ‘O mundo
é um moinho’ e ‘Alvorada’? São algumas das muitas composições que ainda hoje
tem uma atualidade tão presente que parece terem sido compostas há poucos dias.
É a mágica da música que Cartola nos deixou como legado. A música de Cartola
vai a sorrir, assim como segue o prefeito Edir em seu caminho aparentemente
seguro até o sol nascer para um novo mandato. Conseguirá algum candidato a
prefeito impedir que ele continue levando a vida a sorrir? Do contrário,
restará cantar os versos seguintes da bela melodia: “... pois chorando / eu vi
a mocidade perdida”.
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