De uns dias para cá, tenho visto
postagens em rede social de links que remetem a informações sobre o programa
Bolsa Família. Tudo normal, não fosse algumas manifestações escandalosas
condenando o programa e o recebimento do benefício social por famílias em
situação de vulnerabilidade social. Outros fazem piada, postando fotos de
enxadas e dizendo que a ferramenta é a melhor forma de ganhar dinheiro sem que
seja repasse de recurso público. Muito triste, mas obrigo-me a compreender que
estas são manifestações típicas do egoísmo que tomou conta de um grupo
contrário a tudo o que possa ter ligação com os governos progressistas,
especialmente conduzidos por filiados ao PT. Mais que isso, não conseguem ver
com olhos humanos e se compadecer daqueles que vivem em condições praticamente
desumanas. E alguns destes críticos, até zombeteiros, em seus perfis em redes
sociais postam belas mensagens cristãs, sem desconfiar que exercitam a
hipocrisia. A seguir assim, somente vai permitir que a intolerância prospere. O
primeiro fato a ressaltar é que o Bolsa Família é um programa social que
transfere renda a famílias em condições de pobreza extrema. A seleção destas
famílias é feita segundo critérios, sendo um deles a renda per capita da
família de até R$ 154,00 por mês. Você já pensou o que é possível fazer com
este valor para cada um dos membros de sua família durante um mês. Não? Então
pense. Por exemplo: um casal e três filhos com renda mensal de menos de R$
770,00, faz o que com este valor? Com certeza, receber mais R$ 70,00, R$ 100,00
ou R$ 200,00 por mês, valores que talvez não façam tanta diferença para muitas
famílias brasileiras, com certeza faz muita diferença para as famílias que se
enquadram como beneficiárias do Bolsa Família.
O programa de transferência de
renda para famílias em condições de pobreza extrema, em Palmeira registrou
repasses que chagaram a mais de R$ 589 mil entre janeiro e abril deste ano e de
pouco mais de R$ 2 milhões, tanto em 2014 como em 2015. Em dois anos e quatro
meses, portanto, o Bolsa Família repassou R$ 2,6 milhões para famílias de
Palmeira. E onde foi parar esse dinheiro todo? Com certeza absoluta, os
beneficiários do Bolsa Família não gastaram o valor em shoppings de Curitiba ou
Ponta Grossa. Pelo contrário, a quase totalidade foi gasta no comércio local,
na cidade e no interior. Agora, pergunto aos empresários se abririam mão de tal
montante. Claro que os quase R$ 180 mil mensais do Bolsa Família que circulam
na economia local têm um peso significativo, principalmente para os pequenos
comércios, como apontam as pesquisas realizadas pelo extinto Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome.
Existem distorções na distribuição
dos recursos do programa, óbvio, como existem casos de pessoas que não têm
necessidade de receber o benefício. Exatamente para evitar que isto aconteça é
que os dados sobre o Bolsa Família são abertos, podem ser consultados por
qualquer pessoa, justamente para que haja fiscalização. O Portal da Transparência
é um dos meios para consulta. No que diz respeito ao Bolsa Família, traz os
valores anuais recebidos pelas famílias cadastradas no programa e os valores
mensais. O fato é que muita gente, no afã de realizar uma ‘grande descoberta’, esquece
que são anuais os valores que aparecem na primeira tela, confundindo com
valores de pagamentos mensais. O link leva direto às informações: http://goo.gl/CxpLzI
Sendo
assim, quem perceber que existe algo de errado pode denunciar. Isso é exercício
de cidadania. Só criticar de nada adianta, não resolve os problemas. Da mesma
forma, expor a situação vexatória e tripudiar sobre quem recebe o auxílio e
realmente precisa dele para dar melhores condições de vida e um pouco de
dignidade à sua família é ato de desumanidade. O valor que algumas das famílias
beneficiadas pelo programa recebem no mês talvez não seja suficiente para pagar
a despesa do almoço de um dia de muitos dos que fazem barulho e batem o pé e as
panelas contra o Bolsa Família. Confira neste link: http://goo.gl/eU9KyB
Para
muitos, o valor do Bolsa Família no mês não é suficiente nem para pagar uma
entrega do pedido do Disque Pizza de uma noite apenas. Confira neste link: http://goo.gl/yFHVCM
“É, mas tem alguns que ganham
mais”, podem dizer os que ainda esperneiam contra o programa. Tem, sim. Porém,
o valor do repasse mensal mal dá para contribuir com o litro de uísque que o
reclamão costuma comprar e faz pose para beber. Confira no link: http://goo.gl/2jWoJq
Entender que Bolsa Família é um
programa de garantia de renda mínima, como existe em diversos países
socialmente desenvolvidos, é o reconhecimento da importância de políticas
sociais tais quais esta para proporcionar vida digna aos que são mais prejudicados
pela má distribuição de renda que há décadas – ou melhor, séculos – assola o
Brasil, um país rico que tem uma larga margem de sua população vivendo em
condições extremas de pobreza. Quando a situação for de equilíbrios, com os
mais ricos não ostentando uma condição tão díspar em relação aos mais pobres,
aí não haverá mais motivos para a continuação de programas de transferência de
renda. Por sinal, muitos países adotam programas semelhantes. A Alemanha tem
desde 1961 um programa de distribuição de renda que garante até
auxílio-aluguel, que no Brasil é vigente para juízes, por exemplo. Os países
europeus, em geral, têm há muitos anos programas de distribuição de renda. Nos
Estados Unidos, a cidade de Nova Iorque tem um programa de garantia de renda
mínima e o estado do Alasca distribui igualmente entre seus cidadãos parte dos
royalties da exploração de petróleo em seu território. O Estado do Paraná também
tem um programa semelhante, chamado Família Paranaense, que distribui renda a
famílias em situação de pobreza. Então, o Bolsa Família não é, como afirma alguns,
“uma aberração brasileira”. É mais um programa de garantia de renda a famílias
mais pobres que visa reduzir a pobreza e fazer com que o Estado cumpra a sua
função social e constitucional, de proporcionar bem estar a todos os seus
cidadãos.
Se tece muitas qualidades nessa "transferencia de rendas" e se silencia quanto à nao exigencia de contra-partidas desse mesmo programa. Acaba se assemelhando à Lei Rouanet, onde o Estado apenas "presenteia"...os batedores de Panex, querem ver efetividade em todo e qualquer programa implantado com seus impostos...
ResponderExcluirParabéns, Rogério, mais uma matéria elucidativa, séria, com argumentos corretos!!
ResponderExcluirO Brasil saiu do mapa mundial da fome, pela primeira vez em sua História em 2014!! Isso não significa que ainda não tenhamos fome, mas que conseguimos amenizá-la... Num país rico, produtor de grãos para exportação, é inadmissível que tenhamos populações passando fome...
A fusão do MDS com o MDA mostra, ainda, que esse governo interino recoloca a agricultura familiar camponesa no papel de produtora somente para autoconsumo, pois está no Ministério social... Só que na prática, a agricultura familiar produz mais de 70% dos alimentos que colocamos à mesa...
Ou seja, se não tivermos apoio à essa agricultura, certamente teremos produtos mais caros... Sem falar ainda da agroecologia...
Lamento muito que um governo ilegítimo, cujo plano de governo (ponte para o futuro) não passou pelo crivo das urnas, em poucos dias jogue por terra conquistas históricas de lutas de tres décadas...
De nada adianta ir à sua igreja todo dia rezar, orar, olhar para o lado e não perceber a carência, a fome, a necessidade da (o) outra(o)...