segunda-feira, 23 de maio de 2016

Os fatos e a razão contra a desumanidade e a hipocrisia dos que condenam o Bolsa Família

De uns dias para cá, tenho visto postagens em rede social de links que remetem a informações sobre o programa Bolsa Família. Tudo normal, não fosse algumas manifestações escandalosas condenando o programa e o recebimento do benefício social por famílias em situação de vulnerabilidade social. Outros fazem piada, postando fotos de enxadas e dizendo que a ferramenta é a melhor forma de ganhar dinheiro sem que seja repasse de recurso público. Muito triste, mas obrigo-me a compreender que estas são manifestações típicas do egoísmo que tomou conta de um grupo contrário a tudo o que possa ter ligação com os governos progressistas, especialmente conduzidos por filiados ao PT. Mais que isso, não conseguem ver com olhos humanos e se compadecer daqueles que vivem em condições praticamente desumanas. E alguns destes críticos, até zombeteiros, em seus perfis em redes sociais postam belas mensagens cristãs, sem desconfiar que exercitam a hipocrisia. A seguir assim, somente vai permitir que a intolerância prospere. O primeiro fato a ressaltar é que o Bolsa Família é um programa social que transfere renda a famílias em condições de pobreza extrema. A seleção destas famílias é feita segundo critérios, sendo um deles a renda per capita da família de até R$ 154,00 por mês. Você já pensou o que é possível fazer com este valor para cada um dos membros de sua família durante um mês. Não? Então pense. Por exemplo: um casal e três filhos com renda mensal de menos de R$ 770,00, faz o que com este valor? Com certeza, receber mais R$ 70,00, R$ 100,00 ou R$ 200,00 por mês, valores que talvez não façam tanta diferença para muitas famílias brasileiras, com certeza faz muita diferença para as famílias que se enquadram como beneficiárias do Bolsa Família.
O programa de transferência de renda para famílias em condições de pobreza extrema, em Palmeira registrou repasses que chagaram a mais de R$ 589 mil entre janeiro e abril deste ano e de pouco mais de R$ 2 milhões, tanto em 2014 como em 2015. Em dois anos e quatro meses, portanto, o Bolsa Família repassou R$ 2,6 milhões para famílias de Palmeira. E onde foi parar esse dinheiro todo? Com certeza absoluta, os beneficiários do Bolsa Família não gastaram o valor em shoppings de Curitiba ou Ponta Grossa. Pelo contrário, a quase totalidade foi gasta no comércio local, na cidade e no interior. Agora, pergunto aos empresários se abririam mão de tal montante. Claro que os quase R$ 180 mil mensais do Bolsa Família que circulam na economia local têm um peso significativo, principalmente para os pequenos comércios, como apontam as pesquisas realizadas pelo extinto Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Existem distorções na distribuição dos recursos do programa, óbvio, como existem casos de pessoas que não têm necessidade de receber o benefício. Exatamente para evitar que isto aconteça é que os dados sobre o Bolsa Família são abertos, podem ser consultados por qualquer pessoa, justamente para que haja fiscalização. O Portal da Transparência é um dos meios para consulta. No que diz respeito ao Bolsa Família, traz os valores anuais recebidos pelas famílias cadastradas no programa e os valores mensais. O fato é que muita gente, no afã de realizar uma ‘grande descoberta’, esquece que são anuais os valores que aparecem na primeira tela, confundindo com valores de pagamentos mensais. O link leva direto às informações: http://goo.gl/CxpLzI
Sendo assim, quem perceber que existe algo de errado pode denunciar. Isso é exercício de cidadania. Só criticar de nada adianta, não resolve os problemas. Da mesma forma, expor a situação vexatória e tripudiar sobre quem recebe o auxílio e realmente precisa dele para dar melhores condições de vida e um pouco de dignidade à sua família é ato de desumanidade. O valor que algumas das famílias beneficiadas pelo programa recebem no mês talvez não seja suficiente para pagar a despesa do almoço de um dia de muitos dos que fazem barulho e batem o pé e as panelas contra o Bolsa Família. Confira neste link: http://goo.gl/eU9KyB
Para muitos, o valor do Bolsa Família no mês não é suficiente nem para pagar uma entrega do pedido do Disque Pizza de uma noite apenas. Confira neste link: http://goo.gl/yFHVCM
“É, mas tem alguns que ganham mais”, podem dizer os que ainda esperneiam contra o programa. Tem, sim. Porém, o valor do repasse mensal mal dá para contribuir com o litro de uísque que o reclamão costuma comprar e faz pose para beber. Confira no link: http://goo.gl/2jWoJq
Entender que Bolsa Família é um programa de garantia de renda mínima, como existe em diversos países socialmente desenvolvidos, é o reconhecimento da importância de políticas sociais tais quais esta para proporcionar vida digna aos que são mais prejudicados pela má distribuição de renda que há décadas – ou melhor, séculos – assola o Brasil, um país rico que tem uma larga margem de sua população vivendo em condições extremas de pobreza. Quando a situação for de equilíbrios, com os mais ricos não ostentando uma condição tão díspar em relação aos mais pobres, aí não haverá mais motivos para a continuação de programas de transferência de renda. Por sinal, muitos países adotam programas semelhantes. A Alemanha tem desde 1961 um programa de distribuição de renda que garante até auxílio-aluguel, que no Brasil é vigente para juízes, por exemplo. Os países europeus, em geral, têm há muitos anos programas de distribuição de renda. Nos Estados Unidos, a cidade de Nova Iorque tem um programa de garantia de renda mínima e o estado do Alasca distribui igualmente entre seus cidadãos parte dos royalties da exploração de petróleo em seu território. O Estado do Paraná também tem um programa semelhante, chamado Família Paranaense, que distribui renda a famílias em situação de pobreza. Então, o Bolsa Família não é, como afirma alguns, “uma aberração brasileira”. É mais um programa de garantia de renda a famílias mais pobres que visa reduzir a pobreza e fazer com que o Estado cumpra a sua função social e constitucional, de proporcionar bem estar a todos os seus cidadãos.

2 comentários:

  1. Se tece muitas qualidades nessa "transferencia de rendas" e se silencia quanto à nao exigencia de contra-partidas desse mesmo programa. Acaba se assemelhando à Lei Rouanet, onde o Estado apenas "presenteia"...os batedores de Panex, querem ver efetividade em todo e qualquer programa implantado com seus impostos...

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  2. Parabéns, Rogério, mais uma matéria elucidativa, séria, com argumentos corretos!!
    O Brasil saiu do mapa mundial da fome, pela primeira vez em sua História em 2014!! Isso não significa que ainda não tenhamos fome, mas que conseguimos amenizá-la... Num país rico, produtor de grãos para exportação, é inadmissível que tenhamos populações passando fome...
    A fusão do MDS com o MDA mostra, ainda, que esse governo interino recoloca a agricultura familiar camponesa no papel de produtora somente para autoconsumo, pois está no Ministério social... Só que na prática, a agricultura familiar produz mais de 70% dos alimentos que colocamos à mesa...
    Ou seja, se não tivermos apoio à essa agricultura, certamente teremos produtos mais caros... Sem falar ainda da agroecologia...
    Lamento muito que um governo ilegítimo, cujo plano de governo (ponte para o futuro) não passou pelo crivo das urnas, em poucos dias jogue por terra conquistas históricas de lutas de tres décadas...
    De nada adianta ir à sua igreja todo dia rezar, orar, olhar para o lado e não perceber a carência, a fome, a necessidade da (o) outra(o)...

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