quinta-feira, 26 de maio de 2016

Temer trai acordo com prefeitos e Palmeira deve perder R$ 633 mil com veto a repasse da repatriação

Um dos maiores sucessos do absoluto Paulinho da Viola, o portelense mais afinado da MPB, nos anos 1970, dizia: “Quando o jeito é se virar / cada um trata de si / irmão desconhece irmão / aí, dinheiro na mão é vendaval...” Na terça-feira (24), prefeitos de todo o Brasil acordaram contando com o aporte de recurso considerável nos cofres de suas prefeituras e foram dormir com a metade. Havia um acordo do ‘novo’ governo do presidente interino Michel Temer, do PMDB, com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), para que ele pedisse aos deputados que lhe dão apoio voto para derrubar o veto que impusera ao projeto de lei que previa a divisão com estados e municípios da metade do valor arrecadado pela União com multas aplicadas na repatriação de recursos financeiros. Governadores e prefeitos sonharam com a distribuição de R$ 5,2 bilhões para dar um reforço em seus cofres, mas o sonho virou pesadelo. Na votação na Câmara dos Deputados, a pedido do próprio governo, os deputados da base aliada mantiveram o veto de Temer. Os R$ 5,2 viraram R$ 2,6 bilhões, só a metade do que estava previsto no acordo. A Prefeitura de Palmeira deveria receber mais de R$ 1,2 milhão, mas só vai ver a cor de R$ 633 mil, segundo cálculo divulgado pela CNM. Daqui para frente, os prefeitos vão temer qualquer acordo feito com Temer. O trocadilho é infame, mas é isso mesmo.

Em março, o governo federal anunciou que no prazo entre 4 de abril e 31 de outubro os brasileiros interessados em trazer de volta ao país os recursos que enviaram ao exterior sem declaração, portanto sem o pagamento dos impostos e taxas devidos, poderiam fazê-lo pagando 15% sobre o valor repatriado a título de imposto e 15% como multa. O governo previu que R$ 21 bilhões poderiam voltar ao Brasil dentro deste prazo e era com o resultado disto que os prefeitos estavam contando. Deu ruim!
A repatriação de recursos do exterior era vista pelos prefeitos como possível alívio para a crise dos cofres locais. Mas os deputados receberam ‘ordens superiores’ e optaram por manter o veto presidencial sobre o projeto de lei que trata do assunto. Acontece que a matéria original permitia a divisão de metade do valor da multa arrecadada pela União com estados e prefeituras, ou seja, R$ 5,2 bilhões para uma distribuição que agradaria gregos e goianos. Mas a traição de Temer ao acordo deixou os prefeitos furibundos, pois eles sabem muito bem como está difícil conseguir dinheiro para manter em funcionamento os serviços prestados pelas prefeitura. E o que estava acenado tilintava moeda a moeda caindo na conta. Dinheiro na mão virou vendaval... Com a decisão dos parlamentares por manter o veto, os estados e prefeituras ficarão apenas com os recursos oriundos dos impostos sobre a repatriação, medida que contraria frontalmente o compromisso firmado há poucos dias pelo governo Temer com o movimento municipalista.
Se a notícia é ruim, tem coisa pior. Com a nova meta fiscal que o ‘novo’ governo conseguiu aprovar na quarta-feira (25), com o apoio de seus fiéis deputados, as prefeituras devem sofrer mais baixas financeiras. O governo Dilma Roussef tinha previsão de déficit de R$ 96,7 bilhões para este, mas o governo Temer conseguiu elevar a previsão de déficit para R$ 170,5 bilhões. Isto significa que não vai ter dinheiro para as prefeituras realizarem investimentos que dependem de repasses de convênios, mesmo aqueles já em andamento. Assim, obras já iniciadas podem ficar paralisadas e as que ainda não foram iniciadas nem devem começar. Um servidor municipal de Palmeira contou que a Prefeitura pode deixar de receber até o final do ano algo em torno de R$ 6 milhões em recursos de convênios. O que significa exatamente que obras realizadas com recursos federais podem parar e as que não foram iniciadas podem nem começar em 2016. A apresentação do ‘novo’ governo Temer aos municípios não agradou os prefeitos!

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