A decisão do
presidente interino Michel Temer pela fusão do Ministério da Cultura (MinC) –
na verdade extinção da pasta – provoca reações contundentes em todo o país. Uma
delas é do Fórum Nacional dos Secretários e
Dirigentes de Cultura que, através de manifesto, torna pública sua posição
contrária à fusão do MinC com qualquer outro Ministério. O manifesto, assinado
por 27 secretários estaduais e dirigentes de entidades do setor diz:
“Entendemos que o Ministério da Cultura é uma conquista da sociedade brasileira
e que a perda de autonomia ou representatividade significaria um grande
retrocesso”. Um dos signatários do manifesto é o secretário de Cultura do
Paraná, o palmeirense João Luiz Fiani, que ocupa a vice-presidência Sul do
Fórum Nacional. A decisão de Temer para "enxugar" ministérios, deixou
de fora o das Mulheres, Igualdade Racial, Direitos Humanos e Juventude e também
o da Cultura, eliminando-os de seu governo.
Além
do manifesto do Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes de Cultura, outras
entidades também se manifestaram contrariamente à extinção do MinC e sua
absorção pelo Ministério da Educação. A Associação Procure Saber e o GAP–Grupo de Ação Parlamentar Pró- Música
também divulgaram manifesto contra a extinção do MinC. As duas entidades reúnem
centenas de artistas de renome e de expressão no cenário cultural brasileiro.
Em um trecho, o manifesto diz: “A Cultura de um País, além de sua identidade, é
a sua alma. O Ministério da Cultura não é um balcão de negócios. As críticas
irresponsáveis feitas à Lei Rouanet não levam em consideração que, com os
mecanismos por ela criados, as artes regionais floresceram e conquistaram
espaços a que antes não tinham acesso”. Esta última afirmação pode ser aplicada
a uma situação local de Palmeira, que este ano tem o Projeto Viva o Folclore
realizado junto com a Expo Palmeira, apresentando diversas atrações. O projeto
é financiado com recursos da Lei Rouanet, através de três empresas da região.
O
manifesto da Procure Saber e do GAP lembra que a extinção do Ministério da Cultura em abril de 1990 foi um dos primeiros
atos do governo Collor de Mello. Abrigada em uma Secretaria vinculada à presidência
da República, a cultura nacional assistiu ao sucateamento de ideias, projetos e
realizações no campo das artes. Instituído
em 1985, por iniciativa do então presidente José Sarney, o Ministério da
Cultura surgiu atendendo uma antiga reivindicação da classe, que engloba
artistas dos mais diversos segmentos, escritores, produtores e promotores culturais,
entre outros. Agora, 31 anos depois, volta a ser um apêndice do Ministério da
Educação. O retrocesso está sendo creditado a uma vingança de Temer e sua
equipe contra o apoio de boa parte da classe cultural á presidente Dilma
Roussef, defendendo sua permanência no cargo durante o processo que culminou,
na quarta-feira, com o afastamento por 180 dias da presidente que foi eleita em
2014. Nesta sexta-feira, o novo ministro da Educação, Mendonça Filho, que
ganhou como prêmio ou ônus, a Cultura, foi afrontado por servidores do extinto
MinC, que exibiam cartazes e gritavam palavras de ordem contra a medida do ‘novo’
governo.
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