Mal as pinhas começaram a
desfalhar e soltar os pinhões, mal o frio chegou para se acenderem as primeiras
fogueiras e mal o preparado para fazer quentão começou a ferver, já é possível
prenunciar uma animada festa junina no ‘arraiá da Parmera’, como diria um bom
matuto, experiente e calejado nas coisas das tais eleições municipais. É desse
tipo de gente que finge que não vê nada, mas enxerga tudo, que fica quietinho
no seu canto, sem ser notado, observando o que se passa nos arredores e nas
periferias dos lugares onde transitam e circulam os figurões da política local.
Gente que não fica próxima da fogueira e também não faz aposta em nada que se
refira a política porque sabe que a danada muda tal qual o vento e pode soprar as
labaredas da fogueira para cima dos incautos. Então, foi um desses que me alertou
para a inusitada e inesperada união do fogueteiro com o baloeiro, de cuja é
possível prever o grau de animação da festança que pode acontecer no arraiá.
Matutei um pouco e concluí que se a festa é junina é porque acontece em junho,
portanto é em junho que deve acontecer. Mas que diabos tem a ver os foguetes e
balões com isto. Só sei que foi assim que ele me contou, apesar de a eleição
municipal acontecer em outubro. Junho? Por que junho?
Indo aos fatos mais recentes,
onde é possível chegar de livre memória, quem não lembra do mais inusitado voo
de balão que Palmeira já presenciou? A manifestação ‘criativa’ contra o barulho
dos fogos que o adversário soltava. No perfil do Facebook, o então candidato a
prefeito declarava: “Em vez de fogos de artifício, um balão. No lugar do
barulho que incomoda muitas pessoas, os cidadãos de Palmeira ficaram admirados
com a criatividade da campanha”. Foi assim que Giovatan argumentou em favor de
seu voo de balão sobre a cidade, um momento que fez a diferença para ele. Um
momento apenas, porque depois, em terra, viu a reação nada animadora de pessoas
que não gostaram de vê-lo lá no alto, inatingível e sem ouvidos para elas.
Depois disso, muitos correram para o comício do adversário, atraídos pelo ribombar
dos fogos de artifício disparados pelo fogueteiro que pretendia garantir o lugar
de seu pupilo – não tão fogueteiro quanto ele – na mesma cadeira que ocupava Prefeitura.
E conseguiu, aproveitando-se das frequentes tiradas de pés nos chãos que o baloeiro
deu durante aquela campanha.
Quando junho chegar, a festa no ‘arraiá
de Parmera’ promete. Afinal, em junho é que os políticos estarão por aí a mil
por hora, em colóquios, em reuniões e em cultos, buscando as bênçãos para
garantir suas candidaturas, “pulando fogueira / soltando foguetchê...”, como
diz a música “Noite de São João”, da dupla gaúcha Kleiton e Kledir. Não se
trata, como podem pensar os menos acostumados com a boa Música Popular
Brasileira, de dupla sertaneja. Dupla, em outro sentido, é palavra aberta a
negociações quando o assunto é chapa majoritária. Com exceção de uma, já
formada e na boca do povo há quatro anos: Havrechaki & Levandoski. Nos
casos de Bueno e Gaiola, ainda há vagas para a segunda voz, pelo menos até
junho, quando for preciso animar a festa.
Agora juntos, atraídos cada um
pelo ofício do outro, fogueteiro e baloeiro querem fazer a festa em junho e
também quando vencerem a eleição municipal. Vencerem? Melhor, um deles vencer.
Sim, porque vencer eleição para prefeito dá direito apenas àquele que foi o
candidato ao cargo exercer o poder como tal. Quanto a incentivadores, apoiadores
e patrocinadores, é bom que se conscientizem de que todo o poder emana do chefe
do Executivo. Diz a prática que se o foguete atingir o balão, este cai. E se o
balão subir muito alto, não há foguete que o atinja. Hoje, por sinal, é o
prefeito Edir Havrechaki quem manda no ‘arraiá’, tem soltado seus foguetes, mas
quer distância de balões – pelo menos daqueles com cestos para carregar gente
dentro e subir, subir, subir até longe da vista do povo. E tem mais do prefeito,
segundo contado pelo matuto que fica só ‘curingando’ o que os nossos políticos
fazem e dizem, que com a caneta dele é que não vai assinar o alvará para a tal
festa junina que seus opositores pretendem fazer. Diz que não vai gastar tinta
com besteiras. E não adianta o condutor da quadrilha gritar ‘é mentira’. Pois é
verdade, é sim senhor, quem me contou...
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