Em um dia repleto de atividades, o 3º Simpósio sobre a
Colônia Cecília reuniu mais de 50 pessoas no Museu Sítio Minguinho, em
Palmeira, no sábado (2). Entre palestras e visitas, os participantes – do
Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo – falaram
muito sobre anarquismo e anarquistas, reforçando a importância histórica e
social da experiência de comunidade anarquista que aconteceu entre 1890 e 1894
em uma área próxima à localidade de Santa Bárbara, idealizada pelo botânico e agrônomo
italiano Giovanni Rossi. Pesquisadores, historiadores, professores e pessoas
interessadas em conhecer mais sobre a Colônia Cecília e o anarquismo marcaram
presença no evento promovido pelo Museu Sítio Minguinho, Instituto Histórico e
Geográfico de Palmeira e Núcleo de Pesquisas Marques da Costa (RJ).
A programação foi aberta com a palestra do pesquisador
Robledo Mendes, do Núcleo de Pesquisas Marques da Costa, que falou sobre
‘Utopia contadina: Colônia Cecília uma experiência libertária camponesa’,
fazendo ligações da experiência realizada em Palmeira com movimentos camponeses posteriores acontecidos em diversos pontos do Brasil.
Diretor de redação do jornal Gazeta de Palmeira e membro do
Instituto Histórico e Geográfico de Palmeira, este blogueiro foi o segundo palestrante do simpósio, apresentando a pesquisa ‘O anarquista pimpão’, sobre a
vida de Andrea Giuseppe Agottani, que chegou à Colônia Cecília com 8 anos de
idade, foi ativo militante anarquista no Brasil e em vários países da Europa,
como a França, onde morou entre 1917 e 1934. Ele atuou na organização de
sindicatos e associações de trabalhadores em São Paulo, entre 1908 e 1917, do
que resultou uma greve geral que conseguiu garantir direitos trabalhistas aos
operários de fábricas e empregados em outros setores. Pimpão foi preso e
extraditado do Brasil em 1917, mas retornou em 1934 para Santa Bárbara, onde
atuou no comércio e continuou militando no anarquismo.
Encerrada a programação de palestras do período da manhã, os
participantes do Simpósio fizeram visitas a diversos pontos da região, como a
área onde a Colônia Cecília foi instalada, a igreja de Santa Bárbara, a casa
construída pelo anarquista Pimpão e ao Memorial Anarquista, inaugurado no
último dia 31 de março, em Santa Bárbara de Baixo.
Após o almoço, já no período da tarde, a palestra sobre
“Trabalhadores, anarquismo e sindicalismo revolucionário no Brasil” foi
apresentada por Rafael Viana da Silva, doutorando em História pela Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Ele expôs os perfis de atuação dos
anarquistas, as ações do movimento junto a trabalhadores e a participação na
organização e atividades sindicais.
O tema “A Colônia Cecília: construção de uma proposta para
obtenção de chancela como paisagem cultural” foi abordado em palestra de Celso
Perota, nascido em Palmeira e mestre em Antropologia pela Universidade Federal
do Espírito Santo (UFES), instituição na qual atua como professor. Ele defende
a proposta de apresentação ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) de pedido de chancela do órgão para a paisagem cultural da
Colônia Cecília, que abrange toda a área onde a experiência aconteceu e seus
integrantes agiram. Uma equipe multidisciplinar deve começar em breve a
realizar os levantamento e pesquisas necessárias para a formatação do projeto.
Após o encerramento das palestras do período da tarde,
aconteceu visita ao Memorial da Colônia Cecília, um dos vários memoriais do
Sítio Minguinho, seguida de visita à Casa da Videira, onde os participantes do
Simpósio assistiram à palestra sobre “As rachaduras do sistema como espaço
libertário”, por Cláudio Oliver.
À noite, um jantar de confraternização em sistema
colaborativo reuniu vários participantes do Simpósio, na última atividade do
dia 2 de abril, dedicado à Colônia Cecília. Destaque-se que os primeiros
imigrantes italianos que protagonizaram a Colônia Cecília chegaram a Palmeira no
dia 2 de abril de 1890.
Durante toda a programação, desde a abertura até o
encerramento, a música foi presença constante e destacada. No saxofone Dalmir
Dusi e no acordeon Willian Ferrando, ambos descendentes de cecilianos,
executando músicas que eram cantadas na Colônia Cecília, como “Canzione della
foresta’, e outras composições, para alegria e descontração dos participantes.
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