domingo, 3 de abril de 2016

3º Simpósio sobre a Colônia Cecília reúne em Palmeira participantes de cinco estados

Em um dia repleto de atividades, o 3º Simpósio sobre a Colônia Cecília reuniu mais de 50 pessoas no Museu Sítio Minguinho, em Palmeira, no sábado (2). Entre palestras e visitas, os participantes – do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo – falaram muito sobre anarquismo e anarquistas, reforçando a importância histórica e social da experiência de comunidade anarquista que aconteceu entre 1890 e 1894 em uma área próxima à localidade de Santa Bárbara, idealizada pelo botânico e agrônomo italiano Giovanni Rossi. Pesquisadores, historiadores, professores e pessoas interessadas em conhecer mais sobre a Colônia Cecília e o anarquismo marcaram presença no evento promovido pelo Museu Sítio Minguinho, Instituto Histórico e Geográfico de Palmeira e Núcleo de Pesquisas Marques da Costa (RJ).

A programação foi aberta com a palestra do pesquisador Robledo Mendes, do Núcleo de Pesquisas Marques da Costa, que falou sobre ‘Utopia contadina: Colônia Cecília uma experiência libertária camponesa’, fazendo ligações da experiência realizada em Palmeira com movimentos camponeses posteriores acontecidos em diversos pontos do Brasil.
Diretor de redação do jornal Gazeta de Palmeira e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Palmeira, este blogueiro foi o segundo palestrante do simpósio, apresentando a pesquisa ‘O anarquista pimpão’, sobre a vida de Andrea Giuseppe Agottani, que chegou à Colônia Cecília com 8 anos de idade, foi ativo militante anarquista no Brasil e em vários países da Europa, como a França, onde morou entre 1917 e 1934. Ele atuou na organização de sindicatos e associações de trabalhadores em São Paulo, entre 1908 e 1917, do que resultou uma greve geral que conseguiu garantir direitos trabalhistas aos operários de fábricas e empregados em outros setores. Pimpão foi preso e extraditado do Brasil em 1917, mas retornou em 1934 para Santa Bárbara, onde atuou no comércio e continuou militando no anarquismo.
Encerrada a programação de palestras do período da manhã, os participantes do Simpósio fizeram visitas a diversos pontos da região, como a área onde a Colônia Cecília foi instalada, a igreja de Santa Bárbara, a casa construída pelo anarquista Pimpão e ao Memorial Anarquista, inaugurado no último dia 31 de março, em Santa Bárbara de Baixo.


Após o almoço, já no período da tarde, a palestra sobre “Trabalhadores, anarquismo e sindicalismo revolucionário no Brasil” foi apresentada por Rafael Viana da Silva, doutorando em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Ele expôs os perfis de atuação dos anarquistas, as ações do movimento junto a trabalhadores e a participação na organização e atividades sindicais.
O tema “A Colônia Cecília: construção de uma proposta para obtenção de chancela como paisagem cultural” foi abordado em palestra de Celso Perota, nascido em Palmeira e mestre em Antropologia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), instituição na qual atua como professor. Ele defende a proposta de apresentação ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de pedido de chancela do órgão para a paisagem cultural da Colônia Cecília, que abrange toda a área onde a experiência aconteceu e seus integrantes agiram. Uma equipe multidisciplinar deve começar em breve a realizar os levantamento e pesquisas necessárias para a formatação do projeto.
Após o encerramento das palestras do período da tarde, aconteceu visita ao Memorial da Colônia Cecília, um dos vários memoriais do Sítio Minguinho, seguida de visita à Casa da Videira, onde os participantes do Simpósio assistiram à palestra sobre “As rachaduras do sistema como espaço libertário”, por Cláudio Oliver.
À noite, um jantar de confraternização em sistema colaborativo reuniu vários participantes do Simpósio, na última atividade do dia 2 de abril, dedicado à Colônia Cecília. Destaque-se que os primeiros imigrantes italianos que protagonizaram a Colônia Cecília chegaram a Palmeira no dia 2 de abril de 1890.

Durante toda a programação, desde a abertura até o encerramento, a música foi presença constante e destacada. No saxofone Dalmir Dusi e no acordeon Willian Ferrando, ambos descendentes de cecilianos, executando músicas que eram cantadas na Colônia Cecília, como “Canzione della foresta’, e outras composições, para alegria e descontração dos participantes.

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