Em uma eleição para vereador, há
eleitores que não conseguem escolher um candidato específico para votar e,
então, dão seu voto para a legenda, ou seja, votam em um partido político,
teclando na urna eletrônico o número correspondente ao partido que escolheram. O
voto na legenda, por sinal, foi o grande responsável pela eleição do vereador
João Alberto Gaiola, do PDT, na eleição municipal de 2012. O PDT, que tinha
candidato a prefeito – Inácio Budziak – conseguiu 285 votos deste tipo naquela
eleição, enquanto os votos nominais, dados aos candidatos do partido, foram 1.689.
Os votos nominais de candidatos de partidos coligados chegaram a 422. Os votos
na legenda somados destes três partidos foram mais seis, A soma dos votos
nominais dos candidatos dos quatro partidos coligados 2.111. O quociente
eleitoral, o número mínimo de votos que um partido ou coligação de partidos
precisa atingir para eleger pelos menos um vereador, na última eleição
municipal foi 2.276 votos. Sem os votos na legenda, Gaiola não seria hoje
vereador. Se o PDT não tivesse candidato a prefeito naquela ocasião, os votos
na legenda minguariam e Gaiola não seria vereador.
Os dados acima nos levam a deduzir
que o voto na legenda tem tanto valor quanto o voto nominal, pois ele é
computado como válido para a chapa e ajuda a formar o quociente eleitoral. No
caso de Gaiola, os 291 votos na legenda obtidos pelos quatro partidos da
coligação somados aos 2.111 votos nominais chegaram a 2.405, ou seja, 129 votos
a mais do que o necessário para eleger um vereador. Foram os votos na legenda
que garantiram a eleição de Gaiola, que, por ser vereador, hoje embala com
muito carinho o sonho de uma candidatura a prefeito na eleição de outubro. E
geralmente os partidos menosprezam os votos na legenda.
Há um detalhe interessante quanto
ao voto na legenda, registrado quase sem exceção em todo os municípios
brasileiros: os partidos que têm candidato a prefeito conseguem maior número de
votos na legenda do que aqueles que não têm candidato majoritário. Uma
explicação para este fato é que o eleitor, em uma eleição municipal, comete erro
ao registrar o seu primeiro voto como se fosse para prefeito, que tem dois
números, exatamente o número do seu partido, quando deveria teclar cinco
números, o total de algarismos para os candidatos à Câmara Municipal. Foi
exatamente isto que aconteceu na última eleição municipal em Palmeira, em 2012,
quando os três partidos que tinham candidato a prefeito foram os três que conseguiram
maior número votos na legenda. Uma considerável diferença, por sinal. Então, há
uma clara vantagem para os partidos que contam com candidato a prefeito, pois
aumentam os votos para vereador e, consequentemente, a possibilidade de eleger um
vereador ou mais vereadores.
Embora não seja visto com tanta
importância pelos dirigentes partidários, o número de votos na legenda, muitas
vezes, tem resultado melhor do que a soma de votos de vários candidatos. Como
exemplo, tomemos a eleição municipal de 2012 em Palmeira, com as quantidades de
votos dados às legendas para comprovar os seus benefícios. O partido que mais
conseguiu votos na legenda naquela eleição para vereador foi o PSC, partido que
tinha Edir Havrechaki como candidato a prefeito, somando 445 votos deste tipo.
Dos oito candidatos do partido, quatro fizeram mais que 445 votos e a soma dos
votos dos outros quatro é 359 votos, menos do que o total dos votos na legenda.
O PSC elegeu dois vereadores naquela eleição e os votos na legenda contribuíram
para que isto acontecesse.
Já o PSDB, que também tinha
candidato a prefeito – Giovatan de Souza Bueno – conseguiu 264 votos na
legenda, seus candidatos a vereador somaram 1.590, os candidatos do PMN, partido
coligado, chegaram a 239. O PMN teve apenas nove votos na legenda. Tudo somado
chega a 2.102, ou seja, faltaram 174 votos para a coligação PSDB/PMN eleger um
vereador. Neste caso, nem o voto na legenda deu jeito, visto a inconsistência da
votação dos candidatos desta chapa. Como comparação, o candidato mais votado
desta coligação, Juarez Bornancin, somou 396, menos do que os 445 votos na
legenda que o partido do prefeito eleito em 2012 conseguiu arrebanhar.
E para comparar e encerrar a conversa, os partidos que
não tiveram candidatos a vereador sequer chegaram próximos a uma centena de
votos na legenda. Quem teve a melhor performance em 2012 foi o PR, com 69 votos
deste tipo, e o PP, com 66. Os demais ficaram todos com menos de 40 votos na
legenda, sendo que o PHS e o PV conseguiram cada um apenas dois votos na
legenda.
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