terça-feira, 19 de abril de 2016

Votos na legenda salvaram eleição de Gaiola a vereador, mas geralmente são menosprezados

Em uma eleição para vereador, há eleitores que não conseguem escolher um candidato específico para votar e, então, dão seu voto para a legenda, ou seja, votam em um partido político, teclando na urna eletrônico o número correspondente ao partido que escolheram. O voto na legenda, por sinal, foi o grande responsável pela eleição do vereador João Alberto Gaiola, do PDT, na eleição municipal de 2012. O PDT, que tinha candidato a prefeito – Inácio Budziak – conseguiu 285 votos deste tipo naquela eleição, enquanto os votos nominais, dados aos candidatos do partido, foram 1.689. Os votos nominais de candidatos de partidos coligados chegaram a 422. Os votos na legenda somados destes três partidos foram mais seis, A soma dos votos nominais dos candidatos dos quatro partidos coligados 2.111. O quociente eleitoral, o número mínimo de votos que um partido ou coligação de partidos precisa atingir para eleger pelos menos um vereador, na última eleição municipal foi 2.276 votos. Sem os votos na legenda, Gaiola não seria hoje vereador. Se o PDT não tivesse candidato a prefeito naquela ocasião, os votos na legenda minguariam e Gaiola não seria vereador.

Os dados acima nos levam a deduzir que o voto na legenda tem tanto valor quanto o voto nominal, pois ele é computado como válido para a chapa e ajuda a formar o quociente eleitoral. No caso de Gaiola, os 291 votos na legenda obtidos pelos quatro partidos da coligação somados aos 2.111 votos nominais chegaram a 2.405, ou seja, 129 votos a mais do que o necessário para eleger um vereador. Foram os votos na legenda que garantiram a eleição de Gaiola, que, por ser vereador, hoje embala com muito carinho o sonho de uma candidatura a prefeito na eleição de outubro. E geralmente os partidos menosprezam os votos na legenda.
Há um detalhe interessante quanto ao voto na legenda, registrado quase sem exceção em todo os municípios brasileiros: os partidos que têm candidato a prefeito conseguem maior número de votos na legenda do que aqueles que não têm candidato majoritário. Uma explicação para este fato é que o eleitor, em uma eleição municipal, comete erro ao registrar o seu primeiro voto como se fosse para prefeito, que tem dois números, exatamente o número do seu partido, quando deveria teclar cinco números, o total de algarismos para os candidatos à Câmara Municipal. Foi exatamente isto que aconteceu na última eleição municipal em Palmeira, em 2012, quando os três partidos que tinham candidato a prefeito foram os três que conseguiram maior número votos na legenda. Uma considerável diferença, por sinal. Então, há uma clara vantagem para os partidos que contam com candidato a prefeito, pois aumentam os votos para vereador e, consequentemente, a possibilidade de eleger um vereador ou mais vereadores.
Embora não seja visto com tanta importância pelos dirigentes partidários, o número de votos na legenda, muitas vezes, tem resultado melhor do que a soma de votos de vários candidatos. Como exemplo, tomemos a eleição municipal de 2012 em Palmeira, com as quantidades de votos dados às legendas para comprovar os seus benefícios. O partido que mais conseguiu votos na legenda naquela eleição para vereador foi o PSC, partido que tinha Edir Havrechaki como candidato a prefeito, somando 445 votos deste tipo. Dos oito candidatos do partido, quatro fizeram mais que 445 votos e a soma dos votos dos outros quatro é 359 votos, menos do que o total dos votos na legenda. O PSC elegeu dois vereadores naquela eleição e os votos na legenda contribuíram para que isto acontecesse.
Já o PSDB, que também tinha candidato a prefeito – Giovatan de Souza Bueno – conseguiu 264 votos na legenda, seus candidatos a vereador somaram 1.590, os candidatos do PMN, partido coligado, chegaram a 239. O PMN teve apenas nove votos na legenda. Tudo somado chega a 2.102, ou seja, faltaram 174 votos para a coligação PSDB/PMN eleger um vereador. Neste caso, nem o voto na legenda deu jeito, visto a inconsistência da votação dos candidatos desta chapa. Como comparação, o candidato mais votado desta coligação, Juarez Bornancin, somou 396, menos do que os 445 votos na legenda que o partido do prefeito eleito em 2012 conseguiu arrebanhar.
E para comparar e encerrar a conversa, os partidos que não tiveram candidatos a vereador sequer chegaram próximos a uma centena de votos na legenda. Quem teve a melhor performance em 2012 foi o PR, com 69 votos deste tipo, e o PP, com 66. Os demais ficaram todos com menos de 40 votos na legenda, sendo que o PHS e o PV conseguiram cada um apenas dois votos na legenda.

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