Os brasileiros vêm
sofrendo há mais de dois anos bombardeios diários de notícias que têm como
assunto principal a corrupção. O foco principal é a Operação Lava Jato e os
casos de corrupção envolvendo a Petrobrás, diretores da empresa e empreiteiras,
incluindo aí também seus diretores, agentes do processo. Afinal, para haver
corrupção é preciso que haja um corruptor antes de haver um corrupto. Das
primeiras horas, durante todo o dia e avançando madrugada adentro tudo leva à
corrupção, deixando pasmos os cidadãos. Parece até que não há mais salvação
para nada e ninguém. A cada dia, um nome novo entra no circuito dos corruptos e
vira alvo da ira popular. Segundo um dado que obtive de artigo do jornalista
Celso Vicenzi, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina,
com atuação em rádio, TV, jornal, revista e assessoria de imprensa, ganhador do
Prêmio Esso de Ciência e Tecnologia em 1985, entre outros prêmios nacionais e
regionais, o custo anual médio da corrupção no Brasil é de R$ 67 bilhões. Sim,
isto tudo. É dinheiro que não acaba mais. Porém, há um outro problema
brasileiro que supera em muito a corrupção em termos de valores. Representa R$
500 bilhões em recursos que deixam de ir para os governos federal, estaduais e
municipais. Muito mais dinheiro do que a da corrupção. É a sonegação de
impostos. Mas se é assim, por que se mostra pouco ou quase nada sobre isto?
O Brasil tem o
valor do seu Produto Interno Bruto (PIB) estimado no ano de 2013 em R$ 5,52
trilhões. A sonegação de impostos representa quase 10% do PIB, enquanto a
corrupção tem peso de 1,2% do PIB. Diante disso, fica evidente que há uma
desproporcionalidade no tratamento de notícias pela chamada ‘grande imprensa’
brasileira quanto ao problema sério que a sonegação representa para os governos
e diretamente aos cidadãos. Sim, porque o dinheiro que não é pago em impostos
deixa de ser investido em melhores condições de saúde, educação, segurança,
transporte, etc. e tal, como todos estão cansados de citar e reclamar também.
Os R$ 67 bilhões
da corrupção apontados pelo jornalista foram informados pelo diretor-titular do
Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz. Em seu artigo, Vicezni
refere-se a Roriz como gente que é do ramo e que não teria por que subestimar o
tamanho desse “veneno”. A informação sobre os R$ 500 bilhões da sonegação ele
obteve do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz).
Com estes valores, afirma que a sonegação de impostos é sete vezes mais
prejudicial ao país – e a seu povo! – do que a corrupção. E, no entanto, raras
são as reportagens da mídia sobre esse enorme problema. É bom saber que tal
fato não desperta apenas a minha curiosidade.
Paralelamente à
Operação Lava Jato corre a Operação Zelotes, uma investigação da Polícia
Federal sobre sonegação de impostos à Receita Federal praticada por bancos,
grandes empresas e empresários, personalidades, lobistas e até jogadores de
futebol. Aí é que se começa a entender a falta de interesse da mídia nacional
em divulgar os meandros e detalhes da operação. Nomes de pessoa intimamente
ligadas a redes de comunicação e também de grandes anunciantes frequentam as
listas de suspeitos e envolvidos em esquemas entre sonegadores e fiscais. Com
tantos problemas que enfrentam atualmente, por que motivos os grandes órgãos de
imprensa dariam tiros nos próprios pés? Então, para eles, é melhor continuar
fazendo tiro ao alvo em políticos e promover uma confusão ainda maior do que já
conseguiram com a desestabilização do governo, da economia e da sociedade em
geral. O Brasil pode pegar fogo, mas a grande imprensa jamais vai matar suas
galinhas dos ovos de ouro.
Concluindo: se o
maior problema do Brasil, como grita a grande mídia aos quatro cantos do país,
dia e noite, sem tréguas, fosse mesmo a corrupção, acredito que estaríamos no
céu, pois os governos teriam recursos para atender às demandas mais sérias da
sociedade e o povo teria respostas a muitas de suas necessidades prioritárias.
Continuar investigando a corrupção é uma obrigação, bem como punir os
corruptos. Continuar investigando os sonegadores, sim, e também puni-los. Mas é
preciso que a população fique sabendo quem são, para que entenda que os
problemas que enfrenta no seu dia a dia devem-se muito, mas muito mesmo, a
eles.
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