quarta-feira, 13 de abril de 2016

Se o maior problema do Brasil fosse a corrupção, estaríamos no céu

Os brasileiros vêm sofrendo há mais de dois anos bombardeios diários de notícias que têm como assunto principal a corrupção. O foco principal é a Operação Lava Jato e os casos de corrupção envolvendo a Petrobrás, diretores da empresa e empreiteiras, incluindo aí também seus diretores, agentes do processo. Afinal, para haver corrupção é preciso que haja um corruptor antes de haver um corrupto. Das primeiras horas, durante todo o dia e avançando madrugada adentro tudo leva à corrupção, deixando pasmos os cidadãos. Parece até que não há mais salvação para nada e ninguém. A cada dia, um nome novo entra no circuito dos corruptos e vira alvo da ira popular. Segundo um dado que obtive de artigo do jornalista Celso Vicenzi, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, com atuação em rádio, TV, jornal, revista e assessoria de imprensa, ganhador do Prêmio Esso de Ciência e Tecnologia em 1985, entre outros prêmios nacionais e regionais, o custo anual médio da corrupção no Brasil é de R$ 67 bilhões. Sim, isto tudo. É dinheiro que não acaba mais. Porém, há um outro problema brasileiro que supera em muito a corrupção em termos de valores. Representa R$ 500 bilhões em recursos que deixam de ir para os governos federal, estaduais e municipais. Muito mais dinheiro do que a da corrupção. É a sonegação de impostos. Mas se é assim, por que se mostra pouco ou quase nada sobre isto?

O Brasil tem o valor do seu Produto Interno Bruto (PIB) estimado no ano de 2013 em R$ 5,52 trilhões. A sonegação de impostos representa quase 10% do PIB, enquanto a corrupção tem peso de 1,2% do PIB. Diante disso, fica evidente que há uma desproporcionalidade no tratamento de notícias pela chamada ‘grande imprensa’ brasileira quanto ao problema sério que a sonegação representa para os governos e diretamente aos cidadãos. Sim, porque o dinheiro que não é pago em impostos deixa de ser investido em melhores condições de saúde, educação, segurança, transporte, etc. e tal, como todos estão cansados de citar e reclamar também.
Os R$ 67 bilhões da corrupção apontados pelo jornalista foram informados pelo diretor-titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz. Em seu artigo, Vicezni refere-se a Roriz como gente que é do ramo e que não teria por que subestimar o tamanho desse “veneno”. A informação sobre os R$ 500 bilhões da sonegação ele obteve do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz). Com estes valores, afirma que a sonegação de impostos é sete vezes mais prejudicial ao país – e a seu povo! – do que a corrupção. E, no entanto, raras são as reportagens da mídia sobre esse enorme problema. É bom saber que tal fato não desperta apenas a minha curiosidade.
Paralelamente à Operação Lava Jato corre a Operação Zelotes, uma investigação da Polícia Federal sobre sonegação de impostos à Receita Federal praticada por bancos, grandes empresas e empresários, personalidades, lobistas e até jogadores de futebol. Aí é que se começa a entender a falta de interesse da mídia nacional em divulgar os meandros e detalhes da operação. Nomes de pessoa intimamente ligadas a redes de comunicação e também de grandes anunciantes frequentam as listas de suspeitos e envolvidos em esquemas entre sonegadores e fiscais. Com tantos problemas que enfrentam atualmente, por que motivos os grandes órgãos de imprensa dariam tiros nos próprios pés? Então, para eles, é melhor continuar fazendo tiro ao alvo em políticos e promover uma confusão ainda maior do que já conseguiram com a desestabilização do governo, da economia e da sociedade em geral. O Brasil pode pegar fogo, mas a grande imprensa jamais vai matar suas galinhas dos ovos de ouro.
Concluindo: se o maior problema do Brasil, como grita a grande mídia aos quatro cantos do país, dia e noite, sem tréguas, fosse mesmo a corrupção, acredito que estaríamos no céu, pois os governos teriam recursos para atender às demandas mais sérias da sociedade e o povo teria respostas a muitas de suas necessidades prioritárias. Continuar investigando a corrupção é uma obrigação, bem como punir os corruptos. Continuar investigando os sonegadores, sim, e também puni-los. Mas é preciso que a população fique sabendo quem são, para que entenda que os problemas que enfrenta no seu dia a dia devem-se muito, mas muito mesmo, a eles.

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