Apesar
de ter sido nominado Centro Estadual de Ensino Profissionalizante Getúlio
Vargas, prefiro e muita gente que conheço e não conheço também prefere, chamá-lo
de Colégio Agrícola Getúlio Vargas. O renomado estabelecimento de ensino
técnico completou 75 anos no último dia 19. Tenho o maior carinho pelo Colégio
Agrícola porque estudei nele, entre 1978 e 1980, fui professor nos anos de 1987
e 1992 e em suas dependências participei de diversas atividades, entre elas
duas que resultaram em boas memórias e desenvolvimento para o município de
Palmeira. Logo mais conto sobre isto, porque abro o espaço para destacar a ação
de outro ‘granjeiro’, o vereador Eliezer Borcoski, do PSB, que na sessão do dia
19 parabenizou o Colégio Agrícola pelos 75 anos de existência. Em sua fala na
Câmara Municipal, comentou que teve muito orgulho de lá estudar, em 1991,
quando a instituição comemorava seus 50 anos. Disse o vereador que o
estabelecimento é uma referência em nosso estado, que por lá passaram muitos
alunos do Brasil, como estrangeiros e apresentou uma moção de aplauso por tudo
o que o Colégio Agrícola representa em Palmeira. Agradeço o Eliezer por não
esquecer a data e por permitir que o Colégio continue na pauta. Sempre é bom
falar dele e dos fatos que nele aconteceram, entre os quais a luta contra o seu
fechamento, uma nefasta proposta de um ex-secretária de Estado da Educação, de
nome Alcione Saliba, que em dado dia do ano de 1998 realizou uma visita ao
estabelecimento. Veio, falou o que quis e ouviu o que não pretendia ouvir. O
Colégio Agrícola ganhou a luta, continua ativo e da malfadada secretária não
sei do paradeiro. Felizmente!
O
episódio com a secretária aconteceu em um período em que o Colégio Agrícola era
uma espécie de base da equipe que elaborava o Plano Municipal de
Desenvolvimento Rural de Palmeira, que tive a honra de coordenar quando exercia
mandato de vice-prefeito. Os encontros e reuniões normalmente eram realizados
no estabelecimento e, assim, todos sentiam-se em casa, já familiarizados com as
instalações, que estavam em estado crítico devido à falta de atenção por parte
do governo do Estado, à época do governador Jaime Lerner. Para a Educação
aplicavam-se métodos preconizados pelo Banco Mundial, que priorizava a
otimização dos espaços e o aproveitamento exaustivo dos recursos físicos e
humanos. Com este viés estritamente técnico e mercantilista, a cúpula da
Secretaria de Educação, com aval do governador, decidiu que algumas escolas
seriam fechadas. Entre as escolhidas para ter tão triste destino estava o nosso
Colégio Agrícola. Não preciso dizer que a decisão foi uma declaração de guerra
contra uma comunidade. Então, no dia da referida visita da secretária, em uma
sala que servia como espaço para eventos com maior público, ela sentenciou o
estabelecimento ao fechamento e foi ‘tirando o time’ rumo à porta, certa de que
escaparia ilesa, diante de uma plateia estupefata. Não escapou. Fui um dos
primeiros a abordá-la e cobrar explicações, que não deu, com o que teve que
ouvir meus protestos contra a política neoliberal e excludente que adotaram para
a Educação, além de alguns impropérios que outros descontentes dispararam
contra ela. Acredito que o seu retorno à Curitiba, naquele dia, foi bastante
incômodo.
Em
homenagem aos 75 anos do Colégio Agrícola, reproduzo texto do confrade do
Instituto Histórico e Geográfico de Palmeira, Luiz Gastão Gumy, de seu livro ‘Visões
do passado’:
“Em 1939, o governador do Estado, Manoel Ribas,
adquiriu um terreno em nossa cidade, e ali mandou construir um colégio o qual
foi Inaugurado em 19 de abril de 1941. O colégio localiza-se em Palmeira, na
região dos Campos Gerais, dista 70 quilômetros de Curitiba e 40 quilômetros de
Ponta Grossa, estando às margens da PR 151 - Rodovia João Chede - Km 02, alto do Cascavel.
Teve como seu primeiro diretor José do Carmo
Guimarães Marques Ferreira, ali funcionou um reformatório, o qual abrigou 120
alunos de muitas cidades do Paraná, todos eles com problemas de disciplina,
alunos de rua completamente abandonados, enfim, órfãos. O próprio governador
pagava os estudos daqueles alunos e funcionários. Muitos dali fugiram ou foram
expulsos.
Ao lado do colégio havia um pequeno carreiro, onde
transitavam carroções puxados por bois e mulas, os quais levavam cargas para
Ponta Grossa e muitas das vezes, quando chovia, ali naquele colégio eles
paravam para pernoitar e descansar.
Mais tarde assume a direção Walteno de Oliveira
Vianna e em 1944 o colégio passa a ser Escola Rural, já com aulas práticas e Otávio
Mendes, que era aluno já há tempo, pelo seu bom comportamento foi nomeado
funcionário definitivo do colégio.
Passados 72 anos, hoje o colégio abriga centenas de
alunos de várias cidades do Paraná, Mato Grosso e alguns do exterior também. É
considerado um dos melhores colégios do Estado do Paraná. Além de oferecer
aulas práticas de plantio direto, caprino e suíno, oferece também cursos de
Ensino Fundamental – 8ª série, Técnico Agropecuário (Ensino médio e pós-médio),
Técnico em Agroecologia (Médio), Técnico em Turismo (Guia Regional - Embratur).
Com verba do Estado, passou por uma completa
reforma, e possui 10 salas de aula, vários setores sendo: pedagógico,
secretaria, financeiro, internato, patrimônio e material, cooperativa, produção
e prestação de serviços, 3 laboratórios de Informática com mais de 70 microcomputadores
interligados a rede wireless, uma belíssima cancha de esportes, máquinas
agrícolas, ônibus e caminhões, todos em perfeito estado de funcionamento. O
colégio possui mais dois belíssimos prédios construídos recentemente e um
prédio especial somente para abrigar alunas do estabelecimento. Desenvolve hoje
o projeto Programa de Irrigação Noturna (PIN) e qualidade do leite. O principal
projeto hoje é a agroindústria, com verbas do governo federal, através do
Brasil Profissionalizado. Alguns alunos do colégio já fizeram estágio nos
Estados Unidos.
Todo final de ano, várias empresas ali comparecem
para realizar palestras e entrevistas com alunos do estabelecimento e, muitas vezes,
alunos são contratados por estas grandes empresas.
A cada dois anos, ali se reúnem ex-granjeiros de
todos os estados do Brasil e do exterior, para festa de confraternização".
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