quarta-feira, 20 de abril de 2016

Colégio Agrícola Getúlio Vargas completa 75 anos e venceu até batalha contra o fechamento

Apesar de ter sido nominado Centro Estadual de Ensino Profissionalizante Getúlio Vargas, prefiro e muita gente que conheço e não conheço também prefere, chamá-lo de Colégio Agrícola Getúlio Vargas. O renomado estabelecimento de ensino técnico completou 75 anos no último dia 19. Tenho o maior carinho pelo Colégio Agrícola porque estudei nele, entre 1978 e 1980, fui professor nos anos de 1987 e 1992 e em suas dependências participei de diversas atividades, entre elas duas que resultaram em boas memórias e desenvolvimento para o município de Palmeira. Logo mais conto sobre isto, porque abro o espaço para destacar a ação de outro ‘granjeiro’, o vereador Eliezer Borcoski, do PSB, que na sessão do dia 19 parabenizou o Colégio Agrícola pelos 75 anos de existência. Em sua fala na Câmara Municipal, comentou que teve muito orgulho de lá estudar, em 1991, quando a instituição comemorava seus 50 anos. Disse o vereador que o estabelecimento é uma referência em nosso estado, que por lá passaram muitos alunos do Brasil, como estrangeiros e apresentou uma moção de aplauso por tudo o que o Colégio Agrícola representa em Palmeira. Agradeço o Eliezer por não esquecer a data e por permitir que o Colégio continue na pauta. Sempre é bom falar dele e dos fatos que nele aconteceram, entre os quais a luta contra o seu fechamento, uma nefasta proposta de um ex-secretária de Estado da Educação, de nome Alcione Saliba, que em dado dia do ano de 1998 realizou uma visita ao estabelecimento. Veio, falou o que quis e ouviu o que não pretendia ouvir. O Colégio Agrícola ganhou a luta, continua ativo e da malfadada secretária não sei do paradeiro. Felizmente!

O episódio com a secretária aconteceu em um período em que o Colégio Agrícola era uma espécie de base da equipe que elaborava o Plano Municipal de Desenvolvimento Rural de Palmeira, que tive a honra de coordenar quando exercia mandato de vice-prefeito. Os encontros e reuniões normalmente eram realizados no estabelecimento e, assim, todos sentiam-se em casa, já familiarizados com as instalações, que estavam em estado crítico devido à falta de atenção por parte do governo do Estado, à época do governador Jaime Lerner. Para a Educação aplicavam-se métodos preconizados pelo Banco Mundial, que priorizava a otimização dos espaços e o aproveitamento exaustivo dos recursos físicos e humanos. Com este viés estritamente técnico e mercantilista, a cúpula da Secretaria de Educação, com aval do governador, decidiu que algumas escolas seriam fechadas. Entre as escolhidas para ter tão triste destino estava o nosso Colégio Agrícola. Não preciso dizer que a decisão foi uma declaração de guerra contra uma comunidade. Então, no dia da referida visita da secretária, em uma sala que servia como espaço para eventos com maior público, ela sentenciou o estabelecimento ao fechamento e foi ‘tirando o time’ rumo à porta, certa de que escaparia ilesa, diante de uma plateia estupefata. Não escapou. Fui um dos primeiros a abordá-la e cobrar explicações, que não deu, com o que teve que ouvir meus protestos contra a política neoliberal e excludente que adotaram para a Educação, além de alguns impropérios que outros descontentes dispararam contra ela. Acredito que o seu retorno à Curitiba, naquele dia, foi bastante incômodo.
Em homenagem aos 75 anos do Colégio Agrícola, reproduzo texto do confrade do Instituto Histórico e Geográfico de Palmeira, Luiz Gastão Gumy, de seu livro ‘Visões do passado’:
“Em 1939, o governador do Estado, Manoel Ribas, adquiriu um terreno em nossa cidade, e ali mandou construir um colégio o qual foi Inaugurado em 19 de abril de 1941. O colégio localiza-se em Palmeira, na região dos Campos Gerais, dista 70 quilômetros de Curitiba e 40 quilômetros de Ponta Grossa, estando às margens da PR 151 - Rodovia João Chede  - Km 02, alto do Cascavel.
Teve como seu primeiro diretor José do Carmo Guimarães Marques Ferreira, ali funcionou um reformatório, o qual abrigou 120 alunos de muitas cidades do Paraná, todos eles com problemas de disciplina, alunos de rua completamente abandonados, enfim, órfãos. O próprio governador pagava os estudos daqueles alunos e funcionários. Muitos dali fugiram ou foram expulsos.
Ao lado do colégio havia um pequeno carreiro, onde transitavam carroções puxados por bois e mulas, os quais levavam cargas para Ponta Grossa e muitas das vezes, quando chovia, ali naquele colégio eles paravam para pernoitar e descansar.
Mais tarde assume a direção Walteno de Oliveira Vianna e em 1944 o colégio passa a ser Escola Rural, já com aulas práticas e Otávio Mendes, que era aluno já há tempo, pelo seu bom comportamento foi nomeado funcionário definitivo do colégio.
Passados 72 anos, hoje o colégio abriga centenas de alunos de várias cidades do Paraná, Mato Grosso e alguns do exterior também. É considerado um dos melhores colégios do Estado do Paraná. Além de oferecer aulas práticas de plantio direto, caprino e suíno, oferece também cursos de Ensino Fundamental – 8ª série, Técnico Agropecuário (Ensino médio e pós-médio), Técnico em Agroecologia (Médio), Técnico em Turismo (Guia Regional - Embratur).
Com verba do Estado, passou por uma completa reforma, e possui 10 salas de aula, vários setores sendo: pedagógico, secretaria, financeiro, internato, patrimônio e material, cooperativa, produção e prestação de serviços, 3 laboratórios de Informática com mais de 70 microcomputadores interligados a rede wireless, uma belíssima cancha de esportes, máquinas agrícolas, ônibus e caminhões, todos em perfeito estado de funcionamento. O colégio possui mais dois belíssimos prédios construídos recentemente e um prédio especial somente para abrigar alunas do estabelecimento. Desenvolve hoje o projeto Programa de Irrigação Noturna (PIN) e qualidade do leite. O principal projeto hoje é a agroindústria, com verbas do governo federal, através do Brasil Profissionalizado. Alguns alunos do colégio já fizeram estágio nos Estados Unidos.
Todo final de ano, várias empresas ali comparecem para realizar palestras e entrevistas com alunos do estabelecimento e, muitas vezes, alunos são contratados por estas grandes empresas.
A cada dois anos, ali se reúnem ex-granjeiros de todos os estados do Brasil e do exterior, para festa de confraternização".

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