terça-feira, 15 de março de 2016

Limites de gastos com campanha eleitoral desafiam a lógica da gastança

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabeleceu, em janeiro, os valores máximos dos gastos que os candidatos poderão realizar nas eleições municipais deste ano. No caso específico de Palmeira, os limites de gastos são de R$ 44 mil para os candidatos a prefeito e de R$ 15 mil para os candidatos a vereador. Os limite de gastos para os candidatos é de 70% do maior gasto declarado para o cargo em 2012. Senhores pretendentes a candidaturas, é possível fazer campanha eleitoral com estes valores? Saliente-se que em junho será aplicada correção dos valores com base no INPC do período de outubro de 2012 a junho deste ano, que hoje seria de pouco mais de 30%. Isto quer dizer que antes mesmo da campanha eleitoral começar o valor limite de gastos já vai aumentar. Ora, pois, como diriam os lusitanos, não é que o que está posto não está posto. Isto mesmo, os R$ 44 mil de hoje serão quase R$ 80 mil em junho e os R$ 15 mil serão R$ 20 mil. É o primeiro milagre da multiplicação do dinheiro para as campanhas eleitorais, o segundo será feito pelos candidatos gastões.

Pelo sim, pelo não, vamos acreditar que as regras serão seguida à risca. Aí, então, surgem alguma dúvidas bem interessantes. A primeira delas é sobre o desempenho de veteranos candidatos acostumados a fazer do dinheiro o principal meio de campanha. Da mesma forma, se o desempenho dos franciscanos candidatos será melhor em termos de votos sem adversários montados no dinheiro à vontade. Somente o resultado das urnas oferecerá repostas, mas, enquanto isso, é possível fazer exercícios retóricos sobre a nova realidade eleitoral no Brasil e, agora em 2016, nas eleições nos municípios. Acreditando, por suposto, que as normas serão cumpridas.
Antes de conjecturar, lembro de uma história bastante interessante envolvendo eleição e dinheiro. O candidato segundo colocado nas eleições para a Prefeitura do Rio de Janeiro em 2012, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), deve disputar novamente o cargo neste ano. Há pouco tempo, o prefeito Eduardo Paes (PMDB), referiu-se a Freixo como “um rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso”. Em 2012, Paes arrecadou R$ 21,2 milhões em doações para sua campanha, enquanto Freixo conseguiu pouco mais de R$ 1 milhão. A ensurdecedora diferença das cifras não refletiu na votação, visto que Paes venceu aquela eleição no primeiro turno com 64% dos votos contra 28% de votos dados a Freixo.
Vedadas as doações empresariais para as campanhas eleitorais – sempre suspeitas, pois escondem interesses bem explícitos – será bastante peculiar esta primeira experiência justamente com a nova regra justamente em eleições municipais. Acontece que se trata de uma eleição disputada palmo a palmo, na qual adversários são os melhores fiscais e cada movimento suspeito é prontamente denunciado. Assim, quem não andar na linha estrita da lei, poderá ser severamente penalizado, seja com a cassação da candidatura ou do diploma ou com a perda de mandato, caso eleito. Reforço que isto será um dado concreto desde que obedecias as regras postas para a eleição.

Quero estar absolutamente à vontade para observar os movimentos de uns e de outros, especialmente daqueles que são confessadamente useiros e vezeiros do vil metal na atividade eleitoral. Quem não sabe fazer campanha gastando saliva e sola de sapato vai sentir as dificuldades no contato direto com o eleitor. Já os “rapazes latino-americanos sem dinheiro no bolso” devem correr soltos e fagueiros atrás dos votos, com boas chances de conseguirem atingir seus objetivos. Esta é uma dedução, obviamente, aplicável para quem acredita que as regras não serão quebradas.

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