terça-feira, 1 de março de 2016

Ideias: O jogo de cena da eleição municipal e o eleitor despolitizado

Faltam apenas sete meses, ou 210 dias, para a eleição municipal que vai definir o futuro prefeito de Palmeira – ou manter o atual no cargo – e os nove integrantes da Câmara Municipal para um mandato de quatro anos, entre 2017 e 2020. Mesmo com prazo tão exíguo para a data da votação, em 2 de outubro, nada ou quase nada está definido em definitivo, para ser redundante mesmo, quanto a candidatos a prefeito. Há um jogo de cena, um movimento de acertos e acordos que nunca acontecem, de mostra aqui e esconde ali, de faz que vai, mas não vai, que o fato mais relevante de tudo é que o eleitor está despolitizado, cada vez mais e mais e mais...

Os protagonistas da eleição, hoje no papel de pretensos candidatos, atuam nos bastidores em busca de apoios. Fazem o jogo do período pré-eleitoral e somente confundem os atores coadjuvantes, os eleitores. Enquanto os acordos são costurados com base em interesses pessoais ou de restritos grupos, o eleitorado é apenas um detalhe no processo eleitoral. Sim, porque neste momento sequer é lembrado, sequer é consultado e sequer é preguntado se lhe agrada ver que suas futuras opções de escolha na eleição movem-se nas sombras e escondem o quanto podem as suas intenções momentâneas.

Mal aproveitado, o período pré-eleitoral deveria ser um tempo de debate sobres as principais questões que impactam o município. Por exemplo? O exploração dos sistemas de abastecimento de água, de coleta e tratamento de esgoto, de coleta e deposição do lixo deve ser concedida por 30 anos à iniciativa privada? Deve ser concedida ou a Prefeitura deve executar tais serviços, essenciais à população? É interessante a privatização dos livros didáticos utilizados na rede pública municipal? Substituir os livros fornecidos sem custos para a Prefeitura pelo Programa Nacional do Livro Didático representa avanço? Em quê? Terceirizar a mão de obra de profissionais da saúde ajuda a melhorar o sistema público de saúde? Contratar empresas privadas para fazer o transporte escolar de alunos da rede pública é melhor do que adquirir ônibus próprios para executar o serviço? Quem ganha e quem perde com as terceirizações e privatizações? Ninguém está debatendo tais questões. Para os possíveis candidatos a prefeito, vem ao caso debate-las com a população?

O que acontece, de fato, no atual momento da política local, e não é diferente em outros municípios, é uma negociação por apoios e alianças que não vai além da mesquinharia de pessoas ou grupinhos envolvidos. Gostaria de ver essas pessoas e grupos discutindo com a população os grandes problemas, propondo soluções, enfim, apresentando seus projetos para melhorar a vida da comunidade. Mas, quem quer e pretende fazer isso?

Se os políticos merecem uns puxões de orelha e chutes no traseiro, os eleitores merecem mais que isso, pois permanecem omissos, passivos e desconectados da realidade. Mesmo a desculpa de que estão despolitizados não tem espaço, pois, afinal, são os eleitores quem sofrerão as consequências de uma escolha mal feita, baseada somente no conhecimento da pessoa do candidato e dos que o apoiam, relegando ideias, intenções e projetos para o conjunto da comunidade.


Faltam apenas sete meses para a eleição municipal. Quem não acordar para o fato agora corre o risco de perder a hora e só despertar para lamentar o tempo perdido.

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