“Todos os dias é um vai e vem / A vida se repete na estação
/ Tem gente que veio só olhar / Tem gente a sorrir e a chorar / E assim chegar
e partir / São só dois lados da mesma viagem”. São versos da música “Encontros
e despedidas”, de Mílton Nascimento, primeiro gravada primorosamente por ele e
depois de forma magistral por Maria Rita. A vida na estação de trens é isso
mesmo, idas e vindas, despedidas e boas vindas, todos os dias. Em Palmeira isto
já foi realidade, até o início dos anos 1970, quando o modal ferroviário foi
considerado obsoleto e muitos trechos foram desativados, entre eles os que
ligavam Palmeira a Porto Amazonas e dali a Curitiba e também o trecho até Ponta
Grossa. A estrada de ferro, os trens, os apitos, os embarques e desembarques na
plataforma ficaram apenas na saudade de quem viveu a agitação e a ansiedade da
Estação Ferroviária de Palmeira.
O imponente prédio que abrigava o complexo ferroviário foi
edificado na forma como o vemos hoje na década de 1930, para substituir a
antiga construção em madeira, já inadequada as necessidades daqueles anos em
que o transporte ferroviário somente se ampliava, impulsionado pelo transporte
do café produzido no Norte do Paraná pelos trilhos da Estrada de Ferro Central
do Paraná, até Ponta grossa, e depois da Rede de Viação Paraná – Santa Catarina
para ser embarcada em navios no Porto de Paranaguá e exportado para todo o
mundo. A economia cafeeira também beneficiava Palmeira, seja com a Estação
Ferroviária bem como todos os serviços prestados aos viajantes no local e em
outros pontos da cidade.
Desde o dia 13 de maio de 1893, quando foi inaugurada, a
Estação Ferroviária de Palmeira funcionava diuturnamente. Os funcionários,
conhecidos como ferroviários, desdobravam-se em tarefas diversas para manter
atenção aos trens que ali chegava e dali saíam, aos maquinistas e auxiliares,
aos passageiros e ao público em geral. São muitas e muitas histórias de
famílias cujos parentes trabalharam como ferroviários. Eu, particularmente, ainda
criança, em 1971 tive o privilégio de embarcar em um trem na Estação Ferroviária
de Palmeira para uma viagem de quase três horas até Ponta Grossa. Fato
inesquecível que frequentemente vem à lembrança como coisa boa da infância
vivida na cidade que ouvia várias vezes ao dia os apitos dos trens que aqui
chegavam e daqui partiam.
Eu conheci, e tenho muitas lembranças
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