terça-feira, 8 de março de 2016

Ponto de partidas e chegadas Estação Ferroviária de Palmeira virou saudade

“Todos os dias é um vai e vem / A vida se repete na estação / Tem gente que veio só olhar / Tem gente a sorrir e a chorar / E assim chegar e partir / São só dois lados da mesma viagem”. São versos da música “Encontros e despedidas”, de Mílton Nascimento, primeiro gravada primorosamente por ele e depois de forma magistral por Maria Rita. A vida na estação de trens é isso mesmo, idas e vindas, despedidas e boas vindas, todos os dias. Em Palmeira isto já foi realidade, até o início dos anos 1970, quando o modal ferroviário foi considerado obsoleto e muitos trechos foram desativados, entre eles os que ligavam Palmeira a Porto Amazonas e dali a Curitiba e também o trecho até Ponta Grossa. A estrada de ferro, os trens, os apitos, os embarques e desembarques na plataforma ficaram apenas na saudade de quem viveu a agitação e a ansiedade da Estação Ferroviária de Palmeira.

O imponente prédio que abrigava o complexo ferroviário foi edificado na forma como o vemos hoje na década de 1930, para substituir a antiga construção em madeira, já inadequada as necessidades daqueles anos em que o transporte ferroviário somente se ampliava, impulsionado pelo transporte do café produzido no Norte do Paraná pelos trilhos da Estrada de Ferro Central do Paraná, até Ponta grossa, e depois da Rede de Viação Paraná – Santa Catarina para ser embarcada em navios no Porto de Paranaguá e exportado para todo o mundo. A economia cafeeira também beneficiava Palmeira, seja com a Estação Ferroviária bem como todos os serviços prestados aos viajantes no local e em outros pontos da cidade.


Desde o dia 13 de maio de 1893, quando foi inaugurada, a Estação Ferroviária de Palmeira funcionava diuturnamente. Os funcionários, conhecidos como ferroviários, desdobravam-se em tarefas diversas para manter atenção aos trens que ali chegava e dali saíam, aos maquinistas e auxiliares, aos passageiros e ao público em geral. São muitas e muitas histórias de famílias cujos parentes trabalharam como ferroviários. Eu, particularmente, ainda criança, em 1971 tive o privilégio de embarcar em um trem na Estação Ferroviária de Palmeira para uma viagem de quase três horas até Ponta Grossa. Fato inesquecível que frequentemente vem à lembrança como coisa boa da infância vivida na cidade que ouvia várias vezes ao dia os apitos dos trens que aqui chegavam e daqui partiam.

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