quarta-feira, 2 de março de 2016

Partidos políticos são criadouros de contradições e aberrações em uma democracia pueril

O Brasil tem contradições aos borbotões e elas não param de ser geradas dia a dia. E que a nossa democracia pueril permite. A mais nova, que de pronto passa a frequentar a coluna das aberrações, é a filiação do deputado federal pelo Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro, ao PSC. Para quem tem pouca intimidade com siglas partidárias, PSC significa Partido Social Cristão. Isto mesmo, Cristão, de Jesus Cristo, das igrejas cristãs, do amor ao próximo. Jair Bolsonaro? É um capitão do Exército que elegeu-se deputado e que defende com unhas, dentes e balas ideias como a redução da maioridade penal, porte livre de armas de fogo e a pena de morte, entre outras. Cristão?


Contradição e aberração encalacrados nos partidos políticos brasileiros podem ser registradas aos montes. Um caso bem recente: o PMB (Partido da Mulher Brasileira), recentemente criado, tem na composição de seu diretório nacional a maioria de... homens. Um senador que se filiou ao partido, Hélio José, afirmou dias atrás que a mulher “traz alegria e prazer aos homens”. A visão machista e estreita do senador pelo Distrito Federal não surpreende quando se sabe que o mesmo responde a uma acusação de pedofilia, em ato cometido contra uma sobrinha adolescente. Ele classifica o caso como “perseguição política”.

Pueril, a democracia brasileira ainda aceita que ocorrências desses gêneros continuem acontecendo. Acontece que criar partido político é relativamente fácil, as exigências são demasiado flexíveis e qualquer um com um pouco de disposição, bem ou mal intencionado, pode fazê-lo sem que necessite muito esforço. De mais a mais, manifesto e programa partidário, documentos que embasam a filosofia da agremiação e sua linha de conduta, não passam de objetos decorativos.


Os partidos são extremamente desrespeitados, sobretudo pelos próprios filiados, que agora mesmo está aberta a alcunhada “janela da infidelidade”. No período de 30 dias, qualquer político detentor de mandato eletivo pode trair o partido pelo qual foi eleito e ao qual está filiado, trocando-o por outro, sem qualquer risco de perder o mandato. O Tribunal Superior Eleitoral já sentenciou que os mandatos pertencem aos partidos e não aos políticos. Que trocar de partido acarreta perda de mandato. Mesmo assim, lançou-se mão do jeitinho para que se permita a bacanal partidária, o troca-troca descarado que torna abjeta a ação de gente que se auto intitula ‘político’, mas que somente envergonha a verdadeira e digna política, humilhando os bons princípios democráticos.

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