Foi em 1998
que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal conseguiram desvendar o
que é, até o momento, o maior caso de corrupção e evasão fiscal do Brasil. A
Operação Macuco identificou o desvio de US$ 124 bilhões (R$ 465 bilhões no
câmbio atual) para contas secretas no exterior via a agência de Foz do Iguaçu
do Banco do Estado do Paraná (Banestado). Na época, ouvi de algumas pessoas –
mais de duas – que havia um nome de Palmeira entre os titulares de contas em
paraísos fiscais que desviaram dinheiro em operação ilegal, via contas CC3,
deixando de pagar no Brasil os devidos impostos. Este tipo de operação,
inclusive, dava margem a concluir que a origem dos recursos remetidos ao exterior
era ilícita. O tal nome de Palmeira, não sei se pessoa física ou jurídica – nunca
foi confirmado. Lembremos que o Banestado foi ‘vendido’ ao Banco Itaú, logo em
seguida, em uma operação até hoje contestada por muitos, que não viam razão em
extinguir o banco estadual. Da mesma forma, em curto espaço de tempo, o
Bamerindus, outro banco paranaense, foi ‘vendido’ ao HSBC, em nova operação
contestada, inclusive pelo sócio majoritário do banco, José Eduardo de Andrade
Vieira, o Zé do Chapéu.
Voltando ao
caso Banestado e a remessa ilegal de dinheiro para constas no exterior, havia o
envolvimento de alguns doleiros, entre os quais Alberto Youssef, esse mesmo que
aparece com frequência na Operação Lava Jato e que protagonizou outras
operações e ouras delações, mas que continuou livre, leve e solto fazendo
estripulias e lavando dinheiro sujo. Muitos dos nomes que foram divulgados como
envolvidos na Operação Macuco apareceram em outras operações da PF e do MPF. Da
mesma forma que o doleiro, continuaram a praticar ilicitudes e mantiveram-se
impunes.
Na época,
vários doleiros foram presos e uma boa parte dos processos foi conduzida pelo
juiz Sérgio Moro. Por que só doleiros? Porque as investigações não avançaram
para o exterior, na trilha do dinheiro remetido ilegalmente até se chegar aos
verdadeiros donos. Ficou a expectativa, jamais cumprida, de desvendar
criminosos e punir com rigor. Acontece que, na sequência, alguns doleiros foram
inocentados ‘por falta de provas’ ou por prescrição dos delitos cometidos.
Tão agressiva
e contundente até há pouco, a Operação Lava Jato dá a impressão de ter ‘tirado
o pé do acelerador’. Fala-se em necessidade de comprovações exatamente quando
surge a lista da Odebrecht com mais de 300 nomes de políticos que teriam
recebido dinheiro da empresa. A tal lista vazou, chegou ao conhecimento da
imprensa e rapidamente passou a ter seu conteúdo analisado e divulgado. Foi aí
que o juiz que antes mandava prender e quebrava sigilos das informações, agora
decreta que a lista seja mantida em segredo e remete ao Supremo Tribunal
Federal (STF) as evidências e as provas que foram obtidas na operação da PF
junto ao escritório da construtora.
Caso
Banestado antes e Lava Jato na atualidade teriam convergências para um final
idêntico? Embora nomes da segunda tenham aparecido, fruto de um deslize da PF
que deixou a lista disponível em seu sistema online, os nomes do primeiro
jamais chegaram ao conhecimento do público, inclusive se há ou não um nome de
Palmeira entre aqueles que usaram o Banestado para enviar dinheiro sujo ao
exterior. Será?
Nenhum comentário:
Postar um comentário